quinta-feira, 29 de outubro de 2009

julian casablancas

Julian Casablancas edita na próxima segunda-feira o seu disco a solo, PHRAZES FOR THE YOUNG. O vocalista dos Strokes aposta agora numa mudança de estética sonora. Aproxima-se dos sintetizadores dos 80's e deixa as guitarras eléctricas um pouco para trás.
Em termos visuais, Julian apresenta-se como que a pairar entre o sentido classicista da Deutsche Grammophon e as discotecas subterrâneas dos idos de oitentas.
Não se preocupem, fãs dos Strokes, que está prometido para breve um novo álbum da banda nova-iorquina.
Para já, este 11th dimension faz-nos crescer água na boca...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

a música que podia ter mudado a pop

E lá ouvi finalmente o novo "Let's change the world with music", o novo disco dos Prefab Sprout.
Embora muitos já não se lembrem desta banda, eu continuo a ter um carinho especial por ela.
Este novo disco só é novo pois foi lançado o mês passado. Na realidade este é um trabalho que começou a ser produzido no Outono de 1992 (!!!) e que só agora nos chega às mãos.
Por vezes ouvimos dizer que tal artista tinha uma música, um filme ou um livro que nunca havia sido dado a conhecer. E iguais vezes acabamos por entender o porquê dessa omissão. Lembro-me de, na década de 90, se descobrir gravações perdidas de John Lennon. Com os truques de gravação da altura (já bastante evoluídos) juntaram-se os restantes Beatles para dar forma àquela que seria the ultimate song dos Beatles. Falo de Free as a bird (lançada na altura da série/soundtrack The Beatles' Anthology).

Quando a ouvi, percebi porque é que nem Lennon nem Mcartney a colocaram num alinhamento de um álbum seu, seja em grupo, fosse a solo.
Meramente objectos de culto, por vezes estas pérolas achadas não valem mais do que o mero facto de serem achados. Sem valor prático e que podiam muito bem continuar escondidas do mundo.
O que se passa com este novo trabalho dos Prefab Sprout foge, em sentido contrário, ao que falei.
Paddy McAloon, o genial compositor e cantor da banda inglesa, oferece-nos um autêntico Graal Perdido recheado do melhor Pop que alguma vez foi feito.
De regresso ao meu post acerca da qualidade (ou não) da música Pop, temos aqui a fórmula certa e a excepção que valida a regra.
McAloon deu-nos esta prenda de Natal atrasada em 17 anos e, mesmo o som do disco parecendo datado, leva-me a pensar "Este gajo...como é que consegue arranjar esta inspiração?".
Assinado como Prefab Sprout, o disco é na realidade composto, tocado e produzido na íntegra por Paddy McAloon. Mas a essência está lá toda. Aquele charme, que sempre ilustrou esta banda, e a voz permanecem intactaos(embora, fisicamente, McAloon parece actualmente que tem uns 80 anos).
Gravado em 1992, este seria o sucessor lógico de um outro grandioso trabalho, Jordan: The Comeback (1990) mas que acabou por ficar na gaveta de um estúdio em Newcastle...esquecido.
Liricamente, McAloon tem dos seus melhores trabalhos: as derivações metafóricas à volta da Espiritualidade da Música revelam o quanto este homem gosta daquilo que faz. Transcendência através da música, nas palavras de McAloon (texto presente no inlay do disco).
Imagino isto tocado pela banda. É o único senão do disco. Foi completamente gravado com sintetizadores da altura o que lhe confere uma certa datação...
Mas quando temos canções como estas...nada mais importa!
Destaco Let there be music e Ride.
Recomendo vivamente para quem gosta de POP.
Eu rendi-me.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

a-ha

Conhecidos essencialmente pelo imortal "Take on me" (cujo videoclip, em 1985, tanto deslumbrou e continua a merecer elogios), os A-HA, trio norueguês ainda no activo, anunciaram hoje a sua dissolução. Ao longo de 25 anos de carreira, os A-HA, longe dos tempos de meninos bonitos em que figuravam nas capas da revista Bravo, continuaram a lançar discos e alguns deles com boas canções.
Fica esta de 2002, cujo videoclip é simplesmente deslumbrante. Filmado na Noruega em 2002, ao longo de um ano...


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

talismã fm

Talismã FM é o novo fetiche do Nuno Markl na Antena 3.
O conceito deste novo programa, estreado a semana passada, consiste em recriar as rádios independentes locais que, por essas frequências piratas da onda média, tanto se ouvem no país.
Desde os compromissos comerciais, à singular playlist, aos jingles e tratamento das vozes dos locutores da Talismã, este programa é, para mim, já obrigatório no meu pod cast.
Garanto que são cerca de três-quatro minutos diários a rir sem parar e que me fazem tão bem...
Ouçam aqui.

hipocrisias

As nossas veias de fanatismo e nacional-parolismo voltaram às luzes da ribalta esta semana.
Isto devido ao video que circulava na net mostrando a actriz brasileira Maitê Proença (Meu Deus, o que eu suspirava por ela nos anos 80...) a fazer um périplo por Lisboa e arredores. Transmitido no programa do GNT "Saia Curta", o video mostrava a actriz a questionar uma série de coisas em relação a Portugal, à sua História e ao seu património. A forma como ela tratou e os comentários por si tecidos em relação ao que ia visitando deixaram meio Portugal indignado.
Desde acusações ao seu défice cultural, à preparação errónea com que abordou o programa e à forma insolente como gozou com uma gárgula manuelina em pleno claustro dos Jerónimos, cuspindo para o chão, levou a que os comentários e opiniões roçassem a consternação aguda!
Tratava-se da imagem de Portugal e dos portugueses que seria difundida no Brasil e, segundo o testemunho da actriz, em nada seria abonatória essa mesma imagem.

Os portugueses reservam para si a exclusividade no que toca ao escárnio em relação ao seu país. Concordo que o humor deve ser medido de forma a que não caia no simplismo do gozo em si mesmo. Aqui o escárnio esgotou-se em si mesmo.
Satirizar no momento e no sítio certos revela inteligência e argúcia.
Algo que não sucedeu neste caso.
Há uns anos atrás, Caetano Veloso, numa entrevista dada a um jornal americano, falou do azar que o Brasil teve ao ser (re)descoberto pelos portugueses. Se fossem os ingleses a lá chegar, talvez o país não tivesse os problemas que hoje tem. Ainda existe muito ADN português no brasileiro actual. Mesmo cerca de dois séculos após a sua independência, o Brasil em nada agradece o facto da presença portuguesa no seu território.
Na altura, pouca celeuma se levantou em relação às palavras do magnífico cantor brasileiro.
Também muitos dos portugueses, que tanto criticaram a actriz, condenaram o facto dos países muçulmanos terem ficado indignados com as caricaturas ao Profeta Maomé publicadas num jornal dinamarquês em 2006, acusando esses países de castradores de consciências e falta de sentido de humor!
Analisar os "ses" da História é interessante mas, ao mesmo tempo, perigoso se não tivermos uma boa capacidade de separação entre ficção e factos.

Estranha a hipocrisia lusa!
Quantas serão as anedotas em relação a africanos, judeus e espanhóis que compõem o léxico da sátira popular? E todos eles conhecem-nas. E também têm as suas em relação aos portugueses. Mas nós sentimo-nos ofendidos quando a nós diz respeito.
Não aprovo a forma como a actriz se dirigiu ao património, à História e aspectos culturais de Portugal. Não revela em nada qualquer inteligência e sentido crítico/satírico. Defende que o povo brasileiro é assim. E que tudo aquilo era humor inteligente.
Respeito a defesa da senhora, embora não concordando.
Agora, Maquiavel ensinou-nos que a melhor forma de dissuadir é ignorar, de forma superior, aquele que a nós quer atingir.
Penso que se está a fazer um enorme caso de polícia quando deviamos ser nós, portugueses, a preocupar-nos com a defesa daquilo que é nosso antes que alguém o viesse satirizar.
Ou será que só somos portugueses quando a Selecção joga?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

de volta à grelha da partida

Em minha opinião, estas eleições autárquicas tiveram óptimos resultados. Mantém-se o macrocefalismo de Lisboa e Porto partilhado pelos dois partidos maioritários, cada um devidamente coligado. A norte, Rui Rio reconheceu a importância da sua aliança com Paulo Portas. A sul, António Costa deu o golpe de misericórdia em Santana Lopes, obtendo a maioria absoluta que tanta falta lhe fazia e tanto condicinou a sua acção durante os últimos dois anos à frente da capital do país. Convém recordar que Costa fez o que fez (mal ou bem) tendo à sua frente um muro opositor maioritário na Assembleia Municipal que condicionava o seu governo.
Até ver, saberemos que Santana Lopes poderá não ocupar o cargo de vereador para o qual Lisboa o elegeu. Veremos se cumprirá ou se decidirá, uma vez mais, a andar por aí vagueando e observando.
Costa reconhece a importância da sua coligação com Helena Roseta, do Movimento Cidadãos por Lisboa, e "O Zé Que Faz Falta". Mesmo em maioria absoluta, António Costa distingue-se do amigo Sócrates (que ainda não engoliu bem o resultado das legislativas) ao promover uma abertura a um diálogo com as demais forças políticas.
Terá o apoio do líder da CGTP, Carvalho da Silva, servido de palmadinha nas Costas a António Costa? Terá o PCP razão ao falar da preferência de muitos lisboetas pelo voto útil? Carlos do Carmo ao lado de Costa?
Seja como for, a esquerda derrotou a direita em Lisboa. A direita derrotou a esquerda no Porto.
Ferreira Leite canta vitória ao conseguir mais três municípios que os Socialistas. Se há duas semanas Ferreira Leite censurava Sócrates por este cantar vitória após a perda da maioria absoluta, a senhora vem agora com o mesmo festejo, após perder uma série de câmaras importantes para o PS, vendo a sua maioria no poder local afectada e ameaçada.
Paulo Portas congratulou-se com Ponte de Lima, mesmo após a saída de Daniel Campelo. Para o líder democrata-cristão, a autarquia minhota é referência de verdadeira convivência democrática, sem uso nem abuso de empresas municipais e joguinhos de corte.
Para o PCP, estas eleições ficaram aquém do esperado. Perdida Évora para o PS, os comunistas vêem Beja a fugir também para os socialistas. Algo se passa para a mancha vermelha a sul do Tejo estar a perder tonalidades para o rosa.
Mas o discurso de vitória faz sempre parte da retórica comunista.
Apenas o Bloco de Esquerda assumiu alguma ingenuidade. Com uma autarquia (Salvaterra de Magos), o Bloco bem pode estar satisfeito pelo trabalho desenvolvido. Em 10 anos de partido, Louçã tem sabido transmitir a sua mensagem ideológica ao mesmo tempo que enfraquece o PCP e o PS. Mas Louçã admite que muito ainda tem para aprender em matéria de poder local. Em má hora recusou coligar-se com o PS em Lisboa...
Em Gaia, Luiz Filipe Menezes rejubilou com os cerca de 70% dos votos e a vitória nas 24 freguesias. Nada de novo. Destaco, no seu discurso de vitória, a forma como se assumiu contra a liderança e ausência programática do PSD. Pelo meio defendeu que ignorar o estado social é um erro para qualquer partido que se queira impor. Grandiosa facada em Ferreira Leite! Menezes pede à líder do seu partido para que olhe para o Concelho de Gaia como exemplo do estado social não sufocante...
Pena foi o discurso de contornos levemente regionalistas, em que o ex-líder social democrata voltou a falar de assimetrias (sem dúvidas que existem) entre Lisboa e o Grande Porto. O apelo para que o Porto e Gaia se unam e trabalhem em conjunto trouxe, por momentos, um regresso ao regionalismo bacoco.
Mas o melhor estaria para vir!
Contra todas as expectativas, o município de Felgueiras cantou "A Marselhesa" na noite de Domingo!
A derrota de Fátima Felgueiras vem pôr fim ao estigma que os naturais de Felgueiras sentiam por saberem da sujidade do cadastro da sua presidente! Conforme o que se falou no seu dos munícipes, "O 25 de Abril só agora chegou a Felgueiras!".
Para trás, temos também Avelino Ferreira Torres que, à segunda tentativa, terá visto que já ninguém o aceita em Marco de Canavezes!
Mas Valentim Loureiro continua firme no seu posto, assim como Isaltino de Morais se revela, à parte dos negócios negros em que se envolveu, como o melhor autarca em Portugal. Com orgulho, Isaltino afirma que Oeiras é o concelho mais atraente de Portugal!
Findo este enorme ciclo eleitoral, está na hora de trabalhar. A esperança num país melhor volta à grelha de partida.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

muito bem

Parece que estamos a entrar no caminho da sensatez, justiça e da racionalidade. O nível de desenvolvimento das sociedades humanas deveria medir-se pela forma como se encara e se trata os animais. Ainda há pouco tempo, ao passar por um daqueles circos de saltimbancos que por aí andam, revoltei-me ao ver os animais dentro de jaulas sem a mínima dignidade. Por outro lado, gostei de ver o Jardim Zoológico como agora está: os novos espaços e o fim das jaulas convencionais trouxeram um novo olhar a cada um dos animais lá expostos. Esta notícia representa talvez uma das mais felizes medidas tomadas por este parlamento. Fica a faltar a proibição de exposição de cães e gatos nas vitrines das lojas de animais e criminalizar os eventuais maus tratos, abandono e demais faltas de respeito para com eles. Creio e acredito um dia ver isso... Para já, sou um pouco mais feliz. Eles também agradecem!

sábado, 10 de outubro de 2009

uma nova era...

Realizam-se amanhã as eleições que definirão a mancha do poder local para os próximos quatro anos.
Ainda na ressaca das legislativas, os partidos e coligações ressalvam já a óbvia diferença entre as eleições para S.Bento e aquelas que amanhã se desenrolarão.
O PSD foi o principal derrotado a 27 de Setembro. Depois de uma expressiva vitória para a Europa, o ego dos seus representantes subiu de tal maneira que a confiança demonstrada por Ferreira Leite e seus súbditos apontaria para uma reviravolta no poder legislativo e executivo. Sócrates, minado por sucessivos golpes na opinião pública, mudou o seu comportamento de arrogante errante para uma humanização piedosa da sua imagem. Sabia que repetir os resultados de 2005 seria impossível. Após tanta lavagem de roupa suja em águas turvas de incógnitas, Sócrates ainda chegou a sonhar com essa renovação da maioria absoluta. Ainda para mais após a facadinha de Cavaco Silva no seu PSD.
O empate técnico nas sondagens de princípios de Setembro virava, a uma semana do acto eleitoral,o barómetro a favor do PS.
Mesmo com maioria relativa, Sócrates consegue mais deputados do que uma possível coligação PSD/CDS. Paulo Portas torna-se assim o joker no xadrez de S.Bento. Chega aos dois dígitos e consegue o bronze, para infortúnio e raiva do Bloco de Esquerda.
O CDS-PP fez, se calhar, a melhor campanha eleitoral. Quando confrontado por jornalistas em fugazes arruadas por mercados, feiras e romarias, Portas abria o livro e demonstrava a argúcia própria de um maquiavelista: em poucos segundos, a clareza da sua comunicação descrevia o seu programa de governo e propostas. Algumas delas polémicas mas, para mim, racionais.
Aliás, já algumas vezes elogiei aqui Portas. O dedo apontado aos abusos no que respeita ao usufruto de Subsídios e à questão da segurança interna e execução de penas fez com que muitos o apelidassem de fascista social. Em época de crise social e económica, para a esquerda, seria absurdo defender a abolição de subsídios sociais. Mesmo assim, e perante as tentativas de denegrir os seus reais intuitos, Portas jurou seguir avante com o seu programa.
Quando as sondagens tendiam para um enterro definitivo do CDS, surge Portas, no seguimento das europeias, como grande vitorioso destas eleições.
E não é de estranhar que, após tanto tempo, se volte a falar do caso dos submarinos comprados durante o magistério de Portas na Defesa... voltou Portas a ser perigoso...
Quanto ao Bloco, respira de alívio pelos resultados obtidos. Afinal de contas a batata quente de ter de governar não passa para as suas mãos. O objectivo foi conseguido: derrotar a maioria absoluta de Sócrates e preencher mais uns lugares no hemiciclo. Louçã é inteligente e nota-se alguma paixão verdadeira na sua retórica inflamada. Mas já não estamos no Verão Quente de 1975...
Quanto ao sempre vitorioso PCP, a sua derrota mais significativa explica-se pela ultrapassagem do Bloco levando a que Jerónimo passe a olhar Louçã de baixo para cima. Mesmo assim, Jerónimo de Sousa cumpriu aquilo a que se propôs: fomentar a luta social e alertar os trabalhadores para as injustiças. Talvez com o eleitorado mais fiel, o PCP mantém-se em S.Bento, autodenominando-se de real voz do povo trabalhador contra os abusos do patronato.

Estamos na fases das possíveis coligações e entendimentos. Ferreira Leite, com pior resultado que Santana Lopes em 2005, afasta a eventualidade de entendimentos com o governo socialista. Portas assume que será e se manterá fiel aos compromissos com o seu eleitorado. Louçã e Jerónimo falam não de coligações mas sim de entendimentos quanto a propostas políticas.
Todos vaticinam a fragilidade desta legislatura se nenhuma coligação for feita.
A meu ver, permanecem os interesses partidários à frente dos reais interesses nacionais. Manuela Ferreira Leite persiste numa birra anti-socialista. Os ilustres membros sociais democratas falam já numa sucessão. O PSD necessita de sangue novo. A possível recondução de Marcelo Rebelo de Sousa já foi, por ele mesmo, refutada. Avança Passos Coelho, mesmo não estando nas listas, como alternativa para colocar alguma juventude no sumo hipovitaminado da laranja.
Parece-me arriscado face à falta de experiência parlamentar do antigo líder da jota social democrata.

Com as autárquicas de amanhã, espera-se um triunfo do PSD. Sem dúvida que o PSD é um partido de enorme força em termos de poder local. Mesmo afastado do poder central há já muito tempo, os autarcas do PSD revelam uma enorme força nos concelhos e freguesias. Aguarda-se com expectativa o resutado em Lisboa. Penso que António Costa ainda não teve tempo para mostrar o que poderá fazer. Se em dois anos a casa ficou mais arrumada, Santana responde com obra feita: túnel do Marquês e promessas de mais túneis e grandes obras públicas de forma a melhorar a circulação na capital. António Costa é contrário no que toca a privilegiar a circulação automóvel: uma acção mais controlada da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa, estimulando o uso do transporte público e das possíveis ciclovias (em termos geográficos, Lisboa não é Londres, Paris nem Amesterdão...). Santana quer taxar automóveis que entram na cidade (à boa maneira londrina).
No Porto as coisas estão mais que decididas. Rui Rio não teme e está seguro, mesmo com os problemas durante o seu mandato inicial. Em Gaia, Luis Filipe Menezes não preocupa. Interessante será a luta em Faro, em que Macário Correia perde pontos para o PS.
De resto, os corruptos continuarão a merecer a confiança do eleitorado: Isaltino Morais continuará em Oeiras, dono e senhor, mesmo na eventualidade de vir a passar sete anos na prisão. Valentim em Gondomar e Fátima em Felgueiras. O Alentejo continuará de foice e martelo nas mãos e o Bloco e o CDS procuram que a onda crescente faça também eleger aguns vereadores bloquistas e centristas nas Assembleias.
As autárquicas são eleições que se distanciam das legislativas pois não representam um real espelho do Portugal partidário: muitos serão os eleitores que, nas autárquicas, não votarão exactamente no mesmo partido que votaram nas legislativas. Penso que estas eleições são eleições que mostram faces e figuras. Não cores e símbolos. Havendo candidatos que ocupam os cargos há cerca de 33 anos, os concelhos têm medo de mudar. Vamos ver...

Falando agora de outro assunto... a atribuição do Nobel da Paz ao presidente Obama vem colocar um enorme peso nas suas costas. Mais do que reconhecer trabalho já feito, esta atribuição vem em boa altura. Apesar de recém eleito, Obama já revelou vontade. E sabe que a herança é árdua e pesada. No seu discurso de agradecimento/espanto, de forma inteligente o presidente dos EUA disse que, possivelmente, o trabalho a que se propõe realizar nunca o irá ver concluído mas é sua vontade contribuir para que as futuras gerações gozem e disfrutem desse seu empenho. Não sendo Jesus Cristo nem Ghandi, Barack Obama sabe do peso que tem na diplomacia mundial. Mas sabe que os lobbies americanos têm já raízes profundas. Não sendo tarefa fácil, a Paz no Mundo (e seja lá qual for o significado desta tão relativa expressão) não é possível a curto prazo. Mas passos largos serão dados. E foi a partir desta determinação e apoio que a Academia Sueca decidiu reatar boas relações da Europa com os EUA. Não sendo o primeiro presidente a recebê-lo (já Jimmy Carter o havia recebido como homenagem ao seu empenho na questão do desarmamento nuclear americano/soviético durante os anos 70), Obama poderá ver neste prémio os anseios de todo um mundo cansado de conflitos e voltefaces no que diz respeito a ameaças de guerra, terroristas e ambientais. Será este prémio bem recebido no mundo islâmico?