domingo, 20 de setembro de 2009

vou ali e já venho

Após dois anos e meio em que tentei exorcizar aqui alguns dos meus fantasmas bons e maus, despeço-me agora do Kulturkampf.
Para além de um completo vazio de inspiração, reparei igualmente, a partir das estatíticas de visitas, que seria inglório continuar a falar para meia dúzia de pessoas. Elas que me perdoem e a elas endereço um muito obrigado pela paciência demonstrada ao me visitarem aqui!
O Kulturkampf continuará on line e, quem sabe, talvez um dia regresse para umas segundas núpcias...
Não me levem a mal. Não é por falta de assunto. Não será por falta de vontade, certamente, de vos contar alguma coisa. Apenas é que, nestas coisas, é como o outro diz: "Tem dias!".

JPD


ACTUALIZAÇÃO: a pedido de várias famílias, vou então continuar com o blog. Merece a pena. As pequenas coisas são enormes quando feitas com carinho!!!! Esqueçam o título do post...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

os fatídicos anos do plástico: houve boa POP nos 80's?

Actualmente está na moda a arqueologia dos anos 80. É engraçado pois, há cerca de 10 anos atrás, andava eu a descobrir o bom que os anos 70 nos legaram em termos musicais. Penso que, a partir de 2011, voltaremos a ver malta vestida de calças da tropa, botas Doc Marteen's e camisas de veludo aos quadrados como que suspirando pela época em que Seatlle era a Meca do mundo musical, assim como tocar desafinado (crítica não minha mas de gentes que torceram o nariz ao advento da musica grunge, alegremente eufóricos após a morte de Kurt Cobain), com uma enorme carga de sentimentos maníaco-depressivos, é que era de macho.
Ainda antes de toda esta febre pela música e pulsar popular de há cerca de vinte anos, muita gente referia que essa mesma música era do piorio. O POP dos 80's era ridículo, piroso e aberrante na sua essência, assim como os cabelos com laca, maquilhagem e o guarda-roupa onde cores como o rosa choque, laranjas, amarelos e padrões tigrados abundavam de forma dominante.
Hoje chegamos à conclusão que, afinal de contas, esses tempos já nos manifestam uma certa nostalgia. Era a época do POP electrónico. Cada trecho musical (na sua maioria respeitando as medidas certas em termos radiofónicos e não excedendo os famosos três minutos de duração) era um autêntico mergulho nas potencialidades sonoras dos sintetizadores digitais (que se afirmariam na década de 80).

A nanotecnologia permitia poupar em espaço: se os computadores deixaram de ocupar salas e salas, os teclistas deixaram, progressivamente, de estar obrigados a acartar um piano, mais um órgão, mais um sintetizador analógico e mais dois ou três instrumentos para fazer um espectáculo ou uma gravação. O mítico Yamaha DX-7 foi rei nos anos 80. Rara será a banda ou artista que não se tenha, nessa altura, cruzado com essa pequena maravilha do mundo da tecnologia digital.
E por isso ouvimos estas músicas POP 80's e, como que a admirar as várias tonalidades cromáticas e expressivas de um quadro, sentimos nesses 3 minutos, 3 minutos e meio a assumpção de toda a música POP.Um verdadeiro desfile de sons e sonzinhos e refrões emblemáticos que se agarram, que nem uma lapa numa rocha, aos nossos ouvidos alastrando, depois, a todos os sentidos.
É perigoso afirmar que os 80's foi a época menos dourada da música POP. Assim como seria tendencioso afirmar que seria nos 60's a Golden Age da POP. Tempos, espaços e protagonistas à parte, se hoje em dia qualquer boteco faz uma festa plena de saudosismo dos oitentas, não menos verdade será que, há uns anos atrás, gozava-se com a música dos anos 80. Mas esquecemo-nos que as grandes bandas esgotaram-se nos anos 80. Os U2? Os Simple Minds? Os Cure e os Smiths? Até os Stone Roses lançam a sua obra-prima em 1989! E os Echo & The Bunnymen que, numa altura de invasão electro pop cheesie nos tops de 1984, lançavam Ocean Rain.

Para muitos daqueles que enchiam estádios em meados de 80, a seguinte década observaria a sua plena decadência, filtrando-se apenas aqueles que se reinventariam (lembro aqui a metamorfose dos U2 em 1991 com o disco Achtung Baby).
Mas o que será isto do POP dos anos 80? Será que houve bom POP nesses fatídicos anos do plástico,como eu já ouvi, curiosamente, chamar?

Esquecidos por muitos, os Prefab Sprout foram daqueles poucos momentos em que a POP dos 80's transcendeu os seus cânones mais rígidos. Numa altura em que as Samanthas Foxes e as Sabrinas enchiam de testosterona os tops com músicas que mais se assemelhavam a ilustrações sonoras dos calendários das oficinas, na Inglaterra ,que tanto à música deu (e continua a dar), um jovem chamado Paddy McAloon apresentava uma série de canções de formato POP mas muito maneirista na forma como encarava a POP que se consumia na altura.
De harmonias nunca dantes navegadas, combinando sucessões de acordes aos quais muita gente torceria o nariz pois não soariam bem, McAloon criava magia perante tão desaguisado musical. Mas torneava a estranheza pintando de requinte as suas canções POP.
Em 1985, o álbum Steve McQueen (que nos EUA intitular-se-ia Two Wheels Good, devido a um processo jurídico imposto pela filha do famoso actor) apresentava-nos uma banda que desejava ser marginal face ao mainstream existente nesse ano.
McAloon compunha canções simples mas cheias de personalidade. Em termos líricos, o seu discurso cruzava a fluência do mais requintado lirismo e, ao mesmo tempo, tocava a simplicidade do discurso sem qualquer pudor ou preocupação formal.
Actualmente, e numa altura em que os Prefab Sprout lançam um novo álbum (que não é novo pois já está para ser lançado há cerca de 17 anos e que vê em 2009, finalmente, a luz do dia), de seu título "Let's change the world with music", voltei a ouvir a masterpiece Steve McQueen e o conceptual Jordan: The Comeback, de 1985 e 1990, respectivamente. Voltei a esta impressão de desfrutar do que afinal de contas a POP tem de bom. Paddy McAloon tem uma voz única e carismática. Suave e grandiosa. E parece que os anos por ele não passam...

Se alguém dúvida de que a POP também tem disto ... deixo aqui a recordação de When love breaks down, de Steve McQueen..
A ver se arranjo este novo álbum "Let's change the world with music"...


sem comentários

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

a bússola


Não se sabe em quem votar pois não se conhecem os programas?
Não se percebe de Política?

Não vamos votar pois todos eles dizem a mesma coisa?


Descobri este site em que podemos ter uma ajuda para resolver a indecisão.
Embora com algumas perguntas e opções de resposta um pouco falaciosas, esta ideia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa poderá ajudar-nos a construir a nossa opinião acerca dos grandes temas e decisões, posicionando-nos em relação ao espectro partidário (que não se limita apenas aos partidos com assento parlamentar).
Podemos assim ver qual a força política que melhor espelha os nossos interesses e opiniões.
Mais um recurso para uma melhor democracia!

mais uma montanha para parir um rato

A recente polémica acerca da suspensão do Jornal Nacional da TVI vem, como é óbvio, alimentar secundários fait-divers em clima pré-eleitoral.
Peca por tardia esta medida de retirar da programação o noticiário apresentado por Manuela Moura Guedes. Para Miguel Pais do Amaral (ex-administrador da Media Capital, antiga proprietária do canal de Queluz), este telejornal nunca existiria.
No seio político, a suspeição agrava-se a partir do momento em que se especula acerca de uma possível intervenção do actual executivo de Sócrates na reestruturação da grelha de programação do canal televisivo.
Findo o magistério de José Eduardo Moniz, o actual grupo detentor do órgão de comunicação, a Prisa, já veio dizer que a decisão se deve única e exclusivamente ao critério da empresa espanhola.
Rigor jornalístico à parte, Manuela Moura Guedes muitas vezes "atacava" Sócrates e o sistema actual, entrando em guerra com vários órgãos institucionais, tais como a Procuradoria Geral da República ou a Ordem dos Advogados .
Mas outras vezes, a TVI orgulhava-se de reportagens e investigações exclusivas que serviriam como alibi a possíveis negociatas envolvendo figuras públicas.

Já se fala em restrição à liberdade de imprensa e em censura. Manuela Ferreira Leite já manifestou a preocupação em relação a esta polémica. Esqueceu-se, porém, do célebre (e pouco explicado) caso em que Marcelo Rebelo de Sousa foi subitamente calado, quando este fazia a sua crónica aos Domingos nos telejornais do mesmo canal televisivo, durante o último governo PSD-CDS.
Verdade ou não, o que temos aqui é uma autêntica dispersão do que realmente interessa. Acerca de duas semanas das eleições legislativas num país em desagregação, continua-se a alimentar polémicas e suspeições.
Não haja dúvida que, a confirmar-se este possível envolvimento do poder político nos órgãos de comunicação social, é grave a situação. A opinião pública passa a ser a opinião publicada.
Se se confirmar a sua não interveniência, penso ser de muito má gestão de calendário este tipo de decisões (face ao período eleitoral em que o país vive) e, mais grave que isso, o constante gasto de energias em questões folclóricas que nada ajudam a causa pública.

avante!

Realiza-se este fim-de-semana a 33ª festa do Avante!
Embora não partilhando ideologias e ideais da esquerda comunista, o Avante! é, para mim, a maior manifestação cultural em território português. Iniciada dois anos após a revolução dos cravos, o Avante! integrou-se na programática comunista para a difusão dos ideais da liberdade (numa lógica inteiramente sua) no seio das novas e presentes gerações. Liberdade política, social e cultural. Estabelecer em definitivo uma diferenciação em relação ao clima de castração cultural e social que vigorou até 1974, altura em que o PCP era uma organização clandestina perseguida pelo então sistema vigente.
Simpatizante ou não, penso que o Avante! deveria ser visitado nem que fosse uma vez na vida. É incrível o sacerdócio reinante e um saudável clima de solidariedade entre as pessoas.
Deixo aqui algumas imagens de uma visita que fiz há três anos, em pleno discurso do líder Jerónimo de Sousa.
clicar nas fotos para ampliar