segunda-feira, 17 de maio de 2010

a semana passada

A semana passada. Foi uma semana bem portuguesa por sinal. Após o Futebol, Fátima dominou as atenções. Segue-se o triste Fado lusitano de termos de pagar pela eterna crise económica que nos sufoca desde tempos que já nem a memória esconde.
Perdoem-me os leitores mais afectos a estas coisas da religião mas não resisti colocar esta imagem aqui.
Para quem não sabe, os Autos-de-Fé eram cerimónias de carácter religioso que visavam transmitir à populaça as virtudes inquestionáveis do Dogma Católico, através de autênticas execuções públicas em que pessoas condenadas pela Inquisição eram relaxadas ao braço secular para arderem em fogueiras, após o Sagrado Questionário do Santo Ofício. A Igreja limpava assim as mãos ao entregar os condenados ao poder temporal para serem purgados pela sagrada chama.
O local da missa de Bento XVI não poderia ser mais indicado. Apesar de ter lido que estas representações são falsas (pois as execuções da Inquisição seriam feitas onde se situa hoje o Parque das Nações) e que no Terreiro do Paço passava apenas o cortejo religioso com os condenados cobertos com o sambenito, para a posteridade o Terreiro do Paço estará ligado a esta manifestações religiosas do Catolicismo.
Por outro lado, a actual Praça do Comércio representa a racionalidade e a visão de um homem cujos fins justificariam os meios: a convergência de toda uma malha urbana numa praça simbólica do poder centralizado do Marquês de Pombal, dado pelo Rei D.José, cuja representação equestre alude. Por baixo do cavalo de D.José os Távoras e os Jesuítas esmagados pela força do Monarca: contra tradicionalismos e misticismos, a reconstrução de Lisboa assumia a chegada do pensamento iluminista e esclarecido de matriz europeia.

Foi engraçado ver esta cerimónia. Neste local tão paradigmático e tão simbólico.

terça-feira, 4 de maio de 2010

numa altura...

Numa altura de PEC's e demais pânicos, especulações e tragédias gregas...
Numa altura em que muitos já não têm espaço no cinto para o apertar ainda mais...
Numa altura em que os especuladores (os mesmos que sempre aprovaram as habilidades dos já falidos Washington Mutual ou Bear Stearns) nos apontam, e aos demais países mediterrânicos, as armas em jeito de batalhão de fuzilamento...
Numa altura em que viver em Paris e trabalhar em Lisboa é tão normal como cruzar o IC 19 de Massamá até Sacavém...

Ainda há quem tenha tomates... e alguma dignidade!