quarta-feira, 31 de março de 2010

portugal num ápice

Já sabia que o célebre negócio dos submarinos (consórcio estabelecido durante o último governo PSD/CDS) haveria que dar que falar.
Tal e qual a m***a que vem sempre à tona de água, estes submarinos, que agora emergem, mostram mais um exemplo de poliquices, compadrios e vexames que em nada prestigiam a elite política portuguesa.
O negócio envolvia contrapartidas que ainda não foram clarificadas. Santos Silva, Ministro da Defesa, estranha o facto de as contrapartidas prometidas ao Estado português superarem os próprios valores envolvidos na aquisição dos navios.
Mais uma montanha que vai parir um rato?

As comissões de inquérito acerca do possível envolvimento do Governo no negócio TVI estão a suscitar um efeito contrário na opinião pública. Se é verdade o facto de Sócrates se defender daquilo que classifica como política do baixo nível, o PSD e o CDS não estão a conseguir os resultados pretendidos.
Perante o estado das coisas, os portugueses não acreditam num desfecho válido deste (mais um) caso que envolve possíveis jogatanas e interesses recônditos.
Sócrates, convocado para ser interrogado na Comissão, recusa-se a estar presente in loco. Inquéritos? Apenas por escrito.
Hoje queimaram-se as escutas que envolviam o primeiro-ministro e Armando Vara.
Perdeu-se mais uma oportunidade para comprovar se, efectivamente, o nosso Estado de Direito funciona ou não. Era bom para o país que a transparência estivesse acima das imunidades políticas cque granjeiam a elite governativa.

Cavaco Silva passou por um mau bocado na República Checa. Para além da impossibilidade de um regresso normal a Portugal, o nosso presidente foi entalado no meio de uma oficial cimeira com o seu homólogo checo Václav Klaus quando este estranhou o facto de os portugueses estarem pouco nervosos quando o seu país apresenta os níveis que apresenta em termos de défice público.

Para além disso, o desbocado líder da República Checa revela que não admitiria tão elevado défice público sem responsabilizar os políticos envolvidos.
Constrangido e surpreendido, Cavaco prefere responder como presidente da República. Ou seja, demarca-se de uma opinião válida e, atendendo ao facto de ser um homem das Economias e Finanças, nada pronuncia. Revela já o seu irritante optimismo quando afirma que, daqui a três anos, Portugal estará com um défice abaixo dos 3% (2,8%).

É uma questão de solidariedade e compromisso perante a Zona Euro. Decidiu-se apoiar, através da criação de um fundo de 30 biliões de €€ (suportado pela UE e FMI), a Grécia.
O país que serviu de matriz civilizacional à Europa está numa situação financeira complicada: não oferece garantias de salubridade financeira e, ao recorrer ao crédito nos mercados internacionais, os juros são altíssimos, impossibilitando uma fluidez financeira. Neste fundo de emergência, todos os países da Zona Euro participarão, consoante a proporção e importância da sua economia perante o BCE. Portugal entrará com 275 milhões de euros.
Sendo um fundo de emergência que apenas será accionado em última instância, Portugal já sabe que terá de agravar o défice para recorrer aos seus compromissos.
Em Portugal agrava-se a contestação à moeda única. Pelo menos nestes presentes moldes.

Passos Coelho ganhou o PSD. E ainda bem! Os caciquismos e intocáveis abalaram.
O novo líder social-democrata é um homem do Partido. Vem das bases (JSD) e conhece a ideologia do partido fundado em 1974 por Sá Carneiro.
A concorrência era forte: Rangel, que veio de Bruxelas em cruzada santa, esperava estar a esta hora sentadinho no trono da Soeiro Pereira Gomes. Aguiar Branco afigurava-se como um reboot de Ferreira Leite.
Honre-se a juventude e irreverência de Passos Coelho ao ir buscar peões imaculados e virgens no mundo da política. Apelou à coesão e unidade, ofuscando a Lei da Rolha votada no anterior congresso.
Vamos ver então o que sucede, PSD!


O PEC anda na boca do povo. De Estabilidade e Crescimento, para o comum dos mortais nada disse se afigura.
As medidas são austeras para os nossos bolsos. Agridem-nos legalmente em prol de um compromisso com Bruxelas. Mais uma vez seremos nós a suportar os excessos e permanentes erros técnicos da gestão pública.
Bruxelas não parece muito convencida e apela a uma maior dureza nas medidas. Teixeira dos Santos, à boa maneira da arrogância socialista, atira-se ao ar quando as medidas apresentadas nesta plano são suficientes.
As greves sucedem-se diariamente. Os Sindicatos estão na rua. Não querem ser mais uma vez os de sempre a suportar os constantes erros de gestão das finanças públicas.

Ana Jorge, ministra da Saúde, parece ter chegado ao fim do seu estado de graça. O fecho do Centro de Saúde em Valença fez-nos recordar as medidas do anterior ministro, António Correia de Campos.
O populismo tomou conta do assunto: as manifestações de agradecimento a Espanha pelo atendimento feito em Tuy levou a que fossem colocadas bandeiras nas ruas de Valença.

Olhando para isto, só me apetece perguntar mais uma vez: que país é este?


terça-feira, 30 de março de 2010

regressar

*
Regressei à escrita.
Precisei de uns tempos longe disto.
Fez-me bem.
Enquanto parava, o mundo avançava.
A minha vida andava.
Tudo se gerava a partir de um caos inicial. E tudo se ordena.
Há tanto para falar e para contar. Tanto de tudo o que aos sentidos nos chega diariamente. Tantas visões só nossas.

Regressei.


*A imagem não reflecte obrigatoriamente uma ilustração óbvia deste post. Apenas escrevi regressar no motor de busca e foi a primeira que me apareceu