segunda-feira, 29 de junho de 2009

a grande banhada do ano!

Mais infecciosa que a Gripe Suína será a febre que contaminou (e ao que parece continua a contaminar) a juventude portuguesa (e não só). Febre essa denominada de "Crepúsculo". Desde "O Código Da Vinci" que não se assistia a tamanha onda de loucura em relação a uma obra literária. Se tem ou não, remeto para os especialistas e críticos da especialidade um eventual valor literário da obra de Stephen Meyers.
O que eu vejo na realidade é que "Crepúsculo" conquistou a faixa etária dos jovens entre os 14 e 18 anos de idade. Não sei se foi o livro ou o filme.
Juventude desinteressada da leitura?
Apelo a que os senhores governantes e psicólogos assistam a este fenómeno poltergeistiano (sim, pois este fenómeno envolve crianças e o sobrenaturalismo de um vincado interesse por um livro com mais de 20 páginas!) com a devida atenção. Incluir a obra no Plano Nacional de Leitura para aumentar os níveis estatísticos de sucesso do mesmo e assim triunfar em Bruxelas parecer-me-ia uma óptima estratégia.
Como sabem, trabalho com jovens destas idades e, neste ano lectivo que agora chega ao seu termo, descobri então a existência deste filme que deu em romance (ou romance que deu em filme).
Sabemos perfeitamente que ser jovem no século XXI é cultivar o gosto pelo efémero e seguir a tendência dos seus semelhantes (em idade e em género). Os jovens de hoje em dia aborrecem-se rapidamente. Aquilo que hoje eles amam, amanhã já nem se lembram que alguma vez existiu. Nesta sociedade dominada pela tecnologia, um dia ainda terei de procurar no meu Diogo a porta USB... Ou então a ligação Bluetooth para tentar entender a rapidez com que esta juventude se actualiza.
Não criam raízes e apenas correspondem ao consumo de uma maneira iogurteira de usar e deitar fora. Muitas vezes apenas porque uma amiga ou um amigo lhes disse no Hi5 ou no MSN ou no Twitter que determinada coisa é fixe, o jovem tenta acompanhar a tendência da maioria para que, numa eventual conversa, não se sinta ostracizado. Não escrevo com desprezo nem em jeito de escárnio pois todos nós idolatrámos e seguimos modas e tendências. Mas no meu tempo era diferente: criávamos culto pelas coisas. Se um disco de uma banda que nós gostávamos ia ser posto à venda, tínhamos de aguardar pela sua chegada às lojas para o comprar. Ou então esperar que um amigo o comprasse e que se lembrasse de o gravar numa cassete BASF ou TDK de 60 minutos com um som muito ranhoso, rezando a Deus para que a fita não se enrolasse nas cabeças do walkman (antepassado dos leitores de MP3) que estariam cheias de pó.
Era esta dificuldade que fazia com que criássemos apego pelas coisas. Pois não havia internet e só tínhamos dois canais de televisão , fazendo com que tudo para nós fosse mágico e aproveitado até à última das instâncias. Isto já para não falar que, no meu tempo, jogávamos à bola no meio da rua e hoje, se formos a ver bem, os putos jogam à bola sim, mas no quarto...
No tempo da minha mãe é que tinha piada: numa altura de censura e controlo da sociedade, a rebelião dava-se ao tomar contacto com a mítica revista Plateia, onde lá estariam fotografias demoníacas e altamente atrevidas do Cliff Richard a dançar durante um concerto dos Shadows, conduzindo ao delírio as adolescentes que, na Inglaterra, assistiam aos seus concertos. Ou então os Beatles que exibiam cortes de cabelo demasiado vanguardistas e marotos numa época em que por cá se falava do piolho, da lêndea e do Quitoso . E a minha mãe conta-me que lia as revistas às escondidas do pai dela. E seria essa a verdadeira árvore da ciência do Bem e do Mal: aquilo que não se podia fazer, era o que mais desejaríamos fazer!
Serve esta longuíssima introdução para tentar compreender o que passa na cabeça destes adolescentes para olharem para este livro/filme quase como uma das Sagradas Escrituras.
Sabia de antemão que, para tamanho sucesso junto destas idades, uma obra destas teria de respeitar todos os gadgets próprios do target ao qual o filme se destina. Apenas por isso, o Crespúsculo poderia muito bem passar-me ao lado.
Mas ao saber que se tratava de um filme que envolvia vampiros, lá disse "Alto lá!!!".
Não sou daqueles que costumam dizer que Vampirismo se resume ao imortal romance "Drácula" de Bram Stoker. No cinema, várias foram as tendências em redor do mito do vampiro: desde Murnau com o grandioso e denso "Nosferatu", passando pelos anos trinta de Bela Lugosi e navegando até aos famosos estúdios da Pinewood (Inglaterra) onde Christopher Lee e Peter Cushing tornaram-se lendas com uma série de filmes sobre o oculto mundo do vampirismo, produzidos pela Hammer. Mais recentemente, "Drácula" de Copolla comprovou o não esgotamento do tema e do livro. Isto não esquecendo a versão de John Badham em 1979 (talvez a mais gótica de todas mas sem a densidade de Murnau ou a fidelidade de Coppola). Em "Entrevista com o Vampiro" explorou-se o lado mais íntimo e psicológico do vampirismo, apesar de várias tentativas de negar o que Stoker havia explorado em finais do século XIX.

Acerca de "Crepúsculo". O que hei-de dizer? Sinceramente, faltam-me palavras para descrever a minha opinião a respeito desta obra.
Mais do que o argumento (mole, lento e pastoso), o que terá este filme para ser o happening que se vê?
Obviamente, vampiros à parte, conta-se a história de uma menina adolescente cujos pais se separaram e sempre se sentiu sozinha no mundo, incompreendida por toda a gente, com aqueles problemas todos característicos de idades ainda tão imberbes. Conta-se a história de um rapazinho que anda lá na escola da terra e que tem um comportamento bastante excêntrico. Conta-se a história deles os dois e da forma como ela descobre que afinal de contas o menino já tem 17 anos há cerca de noventa anos!!!! Conta-se a história da sua paixão ardente e da luta de ambos contra tudo e contra todos. Conta-se a história dos bonzinhos e dos maus da fita, em que uns são vampiros bonzinhos e outros vampiros mais safados, que olham para a menina como um belo pitéu de sangue fresco. Mas, contra todas as expectativas, o rapazinho vampiro abnegado e apaixonado vai conseguir salvar a donzela das mandíbulas do mauzão, conseguindo, assim, derreter por completo o coração da miúda que lhe irá pedir, na cena final, quando já ninguém estaria à espera, para que ele lhe desse uma trinca para ser como ele.
Empolgante, não é?
Vamos agora aos hyppes de "Crepúsculo":
Os vampiros bonzinhos não se alimentam de sangue.
Então alimentam-se de quê?

...

São vegetarianos!!!!!

... ; ...

Sim...V-E-G-E-T-A-R-I-A-N-O-S

Fizeram um acordo para não matarem humanos e por isso são vampiros vegan!!! Só faltava uma banda de reggae e praticarem ioga!!!!
Não praticam ioga mas praticam basebol...mas só durante a trovoada... (!?!?!?)

...

Não dormem em sepulturas, jazigos ou caixões mas vivem, alegremente, numa vivenda com enorme paredes de vidro (a fazer lembrar a Casa Kauffman, de Frank Lloyd Wright) no meio da floresta e o sol não os mata! Antes pelo contrário! Fá-los brilhar!!!! Ainda esperei por alguma prática de Feng Shui mas não...

Em resumo, achei "Crepúsculo" uma das maiores banhadas que até hoje eu vi. Um ultraje aos filmes de vampirismo!
Puramente, um filme para que meninas adolescentes façam uma terapia de grupo em relação aos seus problemas existenciais próprios dos 15 anos!
E ainda gozam comigo por gostar da Buffy, a caçadora de vampiros!!!!!
Antes "Lost Boys", de Joel Schumacher (1988), que envolvia paixões entre jovens humanos e vampiros, sem esquecer que um vampiro é um ser sobrenatural, maléfico e obsceno!!!
Sinceramente, penso que é o pior filme que alguma vez eu vi! Senão for, por lá anda!
Até estou à espera que as aulas recomecem só para dar uma descasca nas alunas que me disseram que eu, por gostar de filmes de terror, ia adorar!!!!!!! Grande lata!!!!

Por fim, a cereja em cima do bolo que me fez ir às lágrimas, tal o choque que apanhei: quando já esperava que a Ana Montana entrasse no fim a cantar uma linda cantiga que deixasse em lágrimas o público juvenil, eis que o filme termina com uma música dos Radiohead!!!!!! Como é possível associar-se os Radiohead a tamanha nulidade da sétima arte?
Se alguém vos falar deste filme, alhos e crucifixos a postos!!!!! Pois esse alguém nem deve saber o que isso significaria...


Deixo aqui em cima uma sugestão para um verdadeiro filme sobre vampiros, solidão e adolescentes,"Let the right one in" (Deixa-me entrar)



sexta-feira, 26 de junho de 2009

michael jackson (1958-2009)


Estou em choque com a notícia da morte de Michael Jackson!
Excentricidades e polémicas à parte, Jackson era já considerado como uma figura mitológica e imortal pelo seu carisma, inovação e sentido artístico. E nisto qualquer estreia de um videoclip seu tornava-se um happening à escala universal. São incontornáveis clips como "Thriller" (realizado por um dos mestres do terror, John Landis).
Afastado há alguns anos, a especulação acerca do seu estado de saúde aumentava. Por outro lado, escândalos que invocavam o seu nome poderiam justificar tal desaparecimento. Noticiou-se, entretanto, este ano um regresso aos palcos de Jackson.
Desaparece o homem. Fica a obra e todas as suas raízes. Adoremos ou odiemos, é inegável a sua importância. 
A Arte está a partir de hoje muito mais pobre... 


segunda-feira, 22 de junho de 2009

da educação?

Ouvi há dias...
Toda a gente se preocupa em deixar um planeta melhor para os nossos filhos...E quando é que toda a gente se preocupará em deixar melhores filhos para o nosso planeta?
E esta? Hein?

terça-feira, 16 de junho de 2009

isto é que era uma banda!


Os Echo & The Bunnymen, sem nunca terem atingido o estrelato universal de outros seus contemporâneos, distinguiram-se pela criação de um universo só seu. Esse Universo nebuloso e recôndito fez-se de sistemática procura por soluções sonoras e líricas que não se limitassem ao simples (e clássico) trieto guitarra-baixo-bateria, preferindo adiccionar à densidade e à paisagem da sua música elementos melódicos pouco usuais (à época) na pop, como sons e escalas orientais e de câmara . Tudo seria fundamental, sem negligenciar o valor poético das letras dos Bunnymen, para criar uma textura sónica e artística única.
Germinados a partir de sementes pós-punk (cronologicamente, finais da década de 70), a banda de Ian Mculloch voltou a colocar Liverpool nas bocas da crítica musical durante a década de 80. 
Muitas vezes comparados aos Cure, aos Smiths, Jesus & Mary Chain ou Sisters of Mercy, os Echo & The Bunnymen, vistos a esta distância, são únicos. Nota-se na sua música uma certa datação estética mas sem dúvida que álbuns como Crocodiles, Porcupine ou o fenomenal "Ocean Rain" permitem transportar este enorme colectivo para a eternidade da pop-rock marginal da década de 80. E que ainda ressoa, duas décadas e meia depois, num mercado cada vez mais carente de bandas e projectos de culto.
Deve-se este post à redescoberta que fiz dos Echo & The Bunnymen. Confesso que há muito não mergulhava no oceano musical da banda inglesa, tendo apenas dois discos em vinil. Comprei agora a colectânea "Crystal Days 1979-99" que, para além da apetitosa caixa de luxo com fotos, artigos, críticas de especialistas e depoimentos de produtores, músicos e membros da banda (até de Pete deFreitas, malogrado baterista dos Echo, então falecido), reúne em quatro cds (72 músicas) uma ampla visão sobre o melhor que esta banda deixou. Para além de ser completa ao nível de escolha dos temas mais emblemáticos, "Crystal days 1979-99" apresenta ainda os primeiros singles independentes, versões recriadas de artistas que foram referência para os Bunnymen (Velvet Underground, Bob Dylan, Joy Division e The Doors) e também algumas actuações ao vivo que comprovam o cerimonial lirismo que caracterizava um espectáculo dos Echo & The Bunnymen nos bons velhos anos 80, com especial destaque para a força percussiva de Pete deFreitas e da voz sofrida e única de Ian Mculloch.
Sendo difícil apontar um só tema, face à variedade do espectro musical da banda, decidi colocar aqui uma versão ao vivo de "The Killing Moon", dessa obra prima intitulada "Ocean Rain".


Já não se fazem bandas assim!!!!

terça-feira, 9 de junho de 2009

B de Burros; B de Broncos; B de Benfiquista

Mas será que num universo de tantos milhões de benfiquistas (como se apregoa para aí) não existe ninguém suficientemente credível para assumir uma candidatura viável, séria e honesta à presidência do Benfica?
Hoje vi finalmente os cartazes da candidatura de Bruno Carvalho, empresário do Norte e economista, que assume já a vanguarda de oposição à actual direcção encarnada. Parado no trânsito lisboeta, olhei para o lado e ainda pensei que se tratasse de algum livro ou dvd comemorativo do recente tetra-campeonato ganho pelo FCP. Mas não. Continuei a olhar e, para meu espanto, reparo que se tratava de um cartaz de propaganda ao mesmo senhor candidato, apostando numa lógica de ironia e sarcasmo para com o actual presidente, endossando mesmo os parabéns ao sócio do FCP nº17599 (aka Luis Filipe Vieira) por mais uma série de brilhantes vitórias azuis e brancas.
"Até quando os vamos deixar ganhar?", pergunta Bruno Carvalho. 
Até parece que as vitórias do FCP se devem ao facto de o Benfica andar pelas ruas da amargura em completo desnorte. Ajuda, sim senhor, mas não se poderá retirar qualquer mérito a uma equipa que materializa no campo toda uma irrepreensível estrutura de organização e rigor. 
Há um ano atrás (apesar de não me ter dado ao trabalho em reflectir aqui) falava com amigos meus acerca do que seria hipoteticamente a época 2008-09 do Benfica. Defendi que a solução para o Benfica não estaria na constante mudança de equipas técnicas e plantéis. Tratava-se de, acima de tudo, substituir mentalidades, há muito moribundas no seio do clube, e definir prioridades. Primeiro, havia que traçar um rumo de forma a estabilizar o clube, apostando em jogadores da formação e outros que trouxessem real mais valia para o Benfica, orientados por uma equipa técnica que pudesse sentir tranquilidade no exercício do trabalho para o qual foi contratada. Mesmo que o Benfica deixasse durante uns tempos de se assumir como candidato nas provas em que participava. 

Fui censurado!

Todos na altura disseram: "Epá, agora com o Rui Costa, com o "orelhas" de bico calado e o Quique é que vai ser!"
 Um ano depois, o tempo veio a dar-me razão. O Benfica não melhorou. Muito pelo contrário. Ninguém tem certezas de nada. Apenas uma certeza: o fracasso vai continuar a ser garantido. Se o orelhudo presidente do Benfica apelou à estabilidade, vejam que o que se passou foi exactamente o contrário:  Quique Flores já não serve, metade do plantel já não serve, este mandato já não serve e há que antecipar eleições (mas rápidas para que não haja tempo para se formarem listas de oposição).
O fracasso na próxima época é garantido e FCP e SCP agradecem. Mais um treinador que se vai queimar (e nem o seu nome poderá ser garantia de eventual milagre), mais um camião de jogadores (todos eles apriori craques!) chega ali à 2ª Circular para, daqui  a um ano, toda a gente se querer ver livre deles. E é esta a pescadinha de rabo na boca que define o Benfica dos últimos anos: instabilidade transversal a toda a estrutura do clube, falta de estratégia e falta de lucidez e bom senso dos seus dirigentes (desde empresários frustrados, a advogados criminosos, a bêbados e magnatas dos pneumáticos).

Penso que a culpa de tudo isto reside também, de alguma forma, no protótipo do adepto benfiquista: sonhador, irrealista e incapaz de ver com clareza aquilo que é elementar como a água. Ou seja, o típico adepto benfiquista é burro que nem uma pedra. Continua a ser levado em falinhas mansas e basta chegar mais um virtual craque à Luz para que os ainda três neurónios que restam sejam imediatamente espezinhados pela cegueira da bajolice.

Para terminar, penso que os portistas e sportinguistas (que realmente são adeptos de futebol) quereriam ver um Benfica mais competitivo, que lhes fizesse valer de forma mais saborosa os seus triunfos e dar uma melhor imagem do nosso "tão competitivo" campeonato.  Algo que creio ser raro nos adeptos dos três grandes em Portugal. Não me incluo aí.
 

segunda-feira, 8 de junho de 2009

só merecemos o que temos

"Achas que eu vou votar? Para quê? É tudo a mesma coisa! Só lá estão para ganhar o deles!".
A inteligência e bom senso com que ouço tantas pessoas a tecerem informações deste calibre faz-me vir aqui reflectir.
Não sendo a primeira vez que abordo esta questão da crescente separação Política/Eleitorado, apenas questiono: não teremos nós o país e a elite política que merecemos?
Mais importante que reflectir acerca dos resultados do acto eleitoral de ontem, é de substancial importância acentuar que os portugueses não merecem a democracia. Ou melhor. Ainda não se habituaram a estes valores. E, pelos resultados da abstenção a nível europeu, parece que falta muita formação ao nível da consciência cívica na Europa. Muitos já defendem a obrigatoriedade do voto, retirando a carga de consciencialização e responsabilidade inerente a cada um. Outros já ripostam, alertando para que a democracia não deve ser exercida de uma forma autoritarista, obrigando as pessoas a votar.
Penso que o problema estará na própria falta de consciência e formação das pessoas. Bem que muitos dizem que toda a gente está cansada e desiludida. Compreendo perfeitamente. Outros tantos desculpam-se pela falta de informação. Aí não compreendo e não aceito. Se não tivessem informação acerca de um concerto do Tony Carreira ou de um jogo de futebol, toda a gente iria informar-se, pois já interessa revelar uma certa autonomia ao nível da procura de informação. Hoje em dia tantos são os meios que nos permitem ser elucidados acerca de tudo aquilo que procuramos, não estivéssemos nós na era das tecnologias da informação. Se antigamente a informação era algo fraccionado e limitado, hoje em dia só não sabe quem não quer.
E voltando à sábia expressão com a qual iniciei este post: por respeito a tantos que deram as suas vidas para que hoje pudéssemos escolher, penso ser de máxima urgência rever estas considerações e perceber que o efeito que a não participação do eleitorado terá será exactamente o contrário. O voto é uma arma que temos para poder escolher. É uma voz que temos. Não participar só funcionará a favor do poder instituído pois, em política, a abstenção significa total concordância com qualquer que seja o resultado. A não ida às urnas retira-nos a total legitimidade para exercer uma acção de protesto ou opinar acerca de qualquer situação. Em política, o voto em branco é poderoso. Mas as pessoas continuam a preferir abster-se, pensando que agem de frma sensata e inteligente. Votar em branco tem uma total leitura política: revela uma total discordância com qualquer das forças/partidos/movimentos que se apresentam a sufrágio.
Por isso reitero que Portugal merece tudo aquilo que tem. Os portugueses merecem os políticos que têm. Não querem mudar mas passam a vida a chorar e a mal dizer.
Depois dos cerca de 60 e tal % de abstenção, estarei errado?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

isto da paternidade...

Vivo neste momento a melhor experiência da minha vida. Digo isto com toda a veemência e volto a afirmar: é a melhor experiência da vida de uma pessoa. Se temos sucesso ou fracasso, alegrias ou tristezas, frustrações ou vitórias...nada mais interessa quando tenho este pequenito nos braços. A cerca de uma semana de cumprir o meu segundo mês no mui nobre estatuto da paternidade, aprendo e apreendo todos os dias. Infelizmente, não posso estar mais tempo do que aquele que a minha vida profissional permite. Mas por mais cansado, aborrecido, chateado ou farto que me sinta ao chegar a casa, olhar para esta coisa pequenina a desvendar diariamente uma surpresa é algo que me vai marcar para sempre.
Não penso muito à frente. Todos me perguntam: "e a escola?", " e isto...?" " e aquilo?"
Não sei. Todos me dizem que tudo passa rápido. E bem que abri a boca de espanto ao ver as fotografias de há cerca de um mês e meio!!!! Tudo é mágico e só espero estar sempre aqui com ele e partilhar com ele o que é a vida. Ensinar-lhe o que é o mundo, visto do seu ponto de vista; entender as coisas a partir dos pequenos detalhes que o iluminam e fascinam. Despertar nele a curiosidade e os valores e poder um dia olhar para ele e ter uma pessoa à minha frente.
Hoje vivi uma das maiores aventuras da minha vida! A Alex foi para uma formação no Hospital Santa Maria. Em período de amamentação, é bizarro a mãe afastar-se. Das 13h às 18.30 fiquei com o Diogo. Os dois! Só nós! Senti estranheza e medo! Ficar com um bebé à minha plena responsabilidade? Algum dia teria que ser!!!
Fomos almoçar...
De seguida fui às compras: cesto numa mão, carrinho na outra. Senti que toda a gente me observava. Afinal o puto até é giro! No carro, no meio de Lisboa, ele olhava para mim lá do seu ovinho como se dissesse "Vamo'lá ver do que és capaz, oh cromo!!". E rezava a todos os santos e deuses de todos os panteões para que não chorasse até chegar a casa! Em casa, desata a chorar: fome, sono, fralda suja ou simplesmente desconforto? A lei das probabilidades existe para isto mesmo...por exclusão de partes, lá cheguei à brilhante conclusão que ele estava cheio de fome!
Sem o peito da mãe ali presente, tratava-se de encontrar uma solução: o leite em pó adicionado em água morna! E lá tive que lhe dar o biberão à boca. Ele mandou-me bugiar: "Oh pai, eu gosto é de maminha"- comunicava-me ele com o olhar. Mas a fome era negra. E nisto, é dos 0 aos 90 anos! Quando não há cão caça-se com gato! Bebeu, bebeu e satisfez-se! Senti-me uma Senhora do Ó a aleitar o Menino Jesus!
Às 18.30, liga-me a Alex. Para a ir buscar ao metro. Vai de volta para o ovinho que "vamos buscar a mamã!".
Tudo correu bem. Safei-me e nestas coisas é necessário muito jogo de cintura. Mas acima de tudo cresci um pouco mais. É TUDO PERFEITO!