sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

caixinha de pandora

Não resisti!
Encontrei isto a um preço incrível na FNAC...
Já tinha os vinis originais mas esta caixinha é maravilhosa!
Obrigatório em qualquer colecção!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

em branco

A campanha eleitoral para as Presidenciais confirmou o preocupante grau de inocuidade que a classe política portuguesa representa.
Ataques pessoais, lavagem de roupa suja com detergentes de qualidade duvidosa, falta de debate, ausência de esclarecimentos no que toca ao cargo a que se candidatam no contexto actual do país. 
Longe vão os tempos do "Soares é fixe e o Freitas que se lixe", altura essa em que se assumiam candidatos ideologicamente e politicamente preparados, com definição de ideias concretas para o país. Tratava-se do segundo presidente pós-25 de Abril e, nesses idos de 1986, Portugal, por pior que estivesse, era um país activo politicamente, que fazia da recém-nascida democracia uma importante forma de militância e cidadania.

Cavaco Silva foi em 1985 o criador da figura de estilo "Político Profissional". Se a Política, vista de uma perspectiva clássica, simbolizava a nobre e mais alta função a que um cidadão poderia ascender pois tratar-se-ia de servir a causa pública, com o Cavaquismo fez-se da nobre arte definida por Aristóteles um meio de sobrevivência, uma forma de caciquismo corporativista que visava deturpar, em absoluto, a função de um magistrado escolhido pela soberania nacional.
E com Cavaco veio toda uma Ínclita Geração de gestores,  economistas, advogados e demais profissionais liberais que lançaram a Política para dentro da sarjeta com o objectivo de obter reconhecimento individual e proveito económico. A Política foi manchada pelo jogo de interesses dos tais "políticos profissionais". 

Hoje a geração de políticos não percebe o que seria ser actor político em tempos idos, em que realmente era necessário estar preparado ideologicamente para transmitir algo às pessoas...
Cavaco, que fala tanto de um mar ,e que ao longo da sua legislatura praticamente destruiu a frota pesqueira, é o responsável pela ilusão em que vivemos. Assim como Guterres que, através do diálogo, da paz, da harmonia e subsídios para todos, nos fez chegar ao estado em que estamos.
A diferença é que um, apesar do belo tachinho nas Nações Unidas, já desapareceu da política activa em Portugal. Desapareceu. Fugiu em 2001!
O outro continua por cá. E candidata-se a ganhar o segundo mandato. Promete maior intervenção. E porque é que não o fez no primeiro mandato? Não teve 5 anos de oportunidades para o fazer? 
Ao seu estilo habitual, Cavaco limitou-se a ser responsável e calculista na forma como convergia estrategicamente com o Poder Executivo e Legislativo...
Cá o teremos mais cinco anos...
Pois somos um povo que continua de palas nos olhos. Temos uma dimensão muito curta. Só gostamos do um e de outro. E se o outro não presta, que venha o um!
Por isso, face ao vazio de ideias que Portugal aufere no que toca à elite política, proponho, para este período de reflexão, esta maravilhosa obra de Malevitch...
Que vos inspire para domingo...
Kasimir Malévitch
Composition : Blanc sur blanc
1918
Museum of Modern Art de New York

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

vivemos pior do que há 40 anos?

Não passa de uma mera sondagem de opinião.
Não levanto a possibilidade de argumentar a respeito da amostra utilizada (1000 inquéritos) como sendo demasiado curta para um universo tão vasto.
O Projecto Farol é um autêntico think thank da Consultora Deloitte que realizou um estudo sociológico com o objectivo de perceber as perspectivas que os portugueses têm em relação ao seu país.
Uma certeza: a qualidade de vida piorou desde o 25 de Abril. Ou seja, segundo o estudo realizado, vive-se, actualmente, pior em Portugal do que há 40 anos.
Sem dúvida que, apesar do nosso epíteto de "povo de brandos costumes", somos igualmente herdeiros do Fado. Não da canção (que é bem nosso) mas acima de tudo do sentimentalismo, da tragicidade, do pathos e da saudade (palavra tão só nossa)...herdeiros do Velho do Restelo camoniano.

Vivemos pior do que há 40 anos?

Outra coisa que nos define enquanto portugueses é a pouca durabilidade da nossa memória colectiva. 
Em 40 anos, muito se evaporou de tempos bafientos. Politicamente, a Democracia (com todas as suas imperfeições) instalou-se em Portugal. É-nos muito fácil sacudir a água do capote, responsabilizando terceiros pelo melodrama em que a nossa vida se tornou. 
Somos politicamente incultos e, por vezes, esperamos que a Democracia actue por nós, em vez de actuarmos nós de forma a melhorar a Democracia. Porque a Democracia não se esgota no hemiciclo de S.Bento, nem os líderes partidários são intocáveis primas donnas guardiães do espírito democrático. Se a Democracia, como sistema de organização política e social, nasceu há 2500 anos na Grécia, nós hoje esquecemo-nos do que a palavra em si representa.
A Política é, para os clássicos pensadores, para ser exercida pela Polis, para ser pensada por toda a comunidade. 
É isto a participação cívica.É isto que nos falta enquanto povo!
O estudo hoje revelado indica que a desconfiança em relação à elite política é quase total: 94% dos inquiridos atribuem aos políticos a responsabilidade pelo mal-estar que vivemos
Mas quando eu leio os comentários de opinião por esses sites e jornais a fora, e quando me aparecem presumíveis mentes iluminadas que, de forma majestosa, afirmam que não votam porque não acreditam nos políticos, apenas contribuem para que as coisas se mantenham como estão.

Vivemos pior do que há 40 anos?

Vivemos. Vivemos porque nos demitimos do nosso sentido cívico. Os Portugueses, por incrível que pareça, que iniciaram a descoberta dos mares, adoram sentir chão firme e terra dura. A geração dos meus pais vivia na certeza do pleno emprego, de um estado que oferecia garantias. Os preços oscilavam pouco e, com maior ou menor difculdade, vivia-se habitualmente sem grandes distúrbios. 
Mesmo não tendo vivido esses tempos, acredito que nem toda a gente tinha comida na mesa à hora do almoço e à hora do jantar. Nem toda a gente tinha uma casa com todas as mordomias: água quente, gás canalizado, TV por cabo, Internet e toda a oferta de consumo que hoje temos em nosso redor.


Vivemos pior do que há 40 anos?

Hoje a nossa mundividência é maior. Quase que conhecemos o mundo sem sair dos poucos metros quadrados da nossa casa. Se sairmos, temos um carro à porta, transportes públicos, as nossas perninhas com força suficiente para nos mexermos. E se as nossas perninhas são saudáveis, é porque temos melhores cuidados de saúde. As crianças nascem menos, é verdade, mas nascem melhor. Não sofremos, por isso, o horror de as perdermos. E essas crianças um dia terão todas as possibilidades de se tornarem alguém: têm escola, têm actividades físicas e culturais... podem jogar à bola na rua...ou no conforto do sofá...


Vivemos pior do que há 40 anos?

Se calhar a nossa economia é frágil. Mas aí atribuo como responsáveis os senhores que nos quiseram fazer acreditar na possibilidade de termos tudo isto de forma ilimitada. E um deles prepara-se para no próximo Domingo iniciar o seu segundo mandato como presidente da República! A Europa abriu-nos portas inimagináveis há 25 anos atrás. Os mecanismos para que consumíssemos maravilharam-nos. A confiança de Portugal fortaleceu-se pois, apenas à distância de uma assinatura e da passagem do cartão de crédito pelo leitor magnético, poderiamos adquirir bens que nos enchiam o ego e nos davam mais qualidade de vida.
O crescimento económico português foi um crescimento baseado numa prosperidade deveras fragilizada.
Hoje somos mais uns no meio de uma aldeia global! Concorremos com países e economias que nem sabemos onde ficam geograficamente! E sentimos isso no dia-a-dia...

Vivemos pior do que há 40 anos?

A Globalização era inevitável. E é irreversível! Assumo que tem factores negativos mas tem igualmente factores positivos: era impensável há uns anos adquirir artigos inexistentes em Portugal sentadinho confortavelmente aqui neste mesmo sítio de onde vos escrevo. A Internet ligou-nos ao mundo e alterou irreversivelmente os nossos hábitos culturais. A loja física é ultrapassada por uma loja virtual. Mas o que interessa é que os artigos chegam cá a casa. Vêm da Inglaterra, da Austrália, da América do Sul e dos EUA! De todo o lado!
Os portugueses têm medo das areias movediças destes novos tempos. Vivemos tempos em que não vivemos mas sobrevivemos. Adaptamo-nos e voltamos a nos readaptar uma vez, e outra vez e mais uma vez. Esta é a nossa oportunidade mas continuamos à espera que façam tudo por nós pois "eles", o "Estado-Papão" é que tem a obrigação de nos criar as melhores condições.
Pois pagamos cada vez mais impostos, atiramos pedras a todos os que são dados como presumíveis corruptos quando nós, como povo, somos os primeiros, à primeira oportunidade, a passarmos à frente na fila para o metro à chico esperto!
E deverá ser o Estado a dar-nos um ralhete na altura em que fazemos mais um crédito ao consumo quando já não temos disponibilidade orçamental para tal!
Chateia-nos o facto de os preços aumentarem e de não conseguirmos realizar as viagens de sonho ou adquirir o carro X ou Y. E isso leva-nos a acreditar que vivemos actualmente pior do que em 1970, quando nessa altura os nossos horizontes terminavam ali ao fundo da rua.
Ainda hoje numa aula disse aos alunos que nós muitas vezes utilizamos a palavra "felicidade" de uma forma desmesurada e demasiado gratuita. A "Felicidade" é para nós o derradeiro fim e bem longínquo. Mas cabe-nos a nós trilhar o caminho para lá podermos chegar.


A pergunta que volto a colocar...

Vivemos pior do que há 40 anos?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

das presidenciais

Qual a razão de ser do Presidente da República Portuguesa?
Ao contrário dos sistemas presidencialistas americano e francês, em que o Presidente tem papel activo na gestão de cada país, em Portugal a situação é bastante diferente.
Os poderes institucionais da Presidência da República são bastante limitados: é a mais alta figura de Estado, representando o país como alguém escolhido directamente pela soberania nacional. 
A origem da figura do Presidente da República encontra-se ainda nos primeiros tempos do Liberalismo em Portugal. Em 1826, o rei (que nunca o chegaria a ser) D.Pedro IV elabora a Carta Constitucional de forma a garantir à sua filha D.Maria da Glória um autêntico manual de sobrevivência política. A Carta Constitucional representou a tentativa de achar um consenso entre as esferas tradicionalistas e progressistas da vida política portuguesa; os defensores de uma monarquia tradicionalista em que a figura do monarca continuaria a ser relevante e uma elite pró-liberal, crítica em relação à organização estratificada da sociedade.
Apesar de afirmar o princípio básico da separação dos poderes, a Carta Constitucional (ao contrário da Constituição de 1822 que retirou ao soberano grande parte dos seus poderes) voltou a dar ao Rei preponderância política: o poder executivo passa também por si e tem o poder de nomeação da Câmara Alta de Pares do Reino, podendo ainda destituir os Deputados eleitos pela Nação. A representação e a soberania nacional eram também privilégios do monarca.
Apesar de algumas alterações à Carta (e pelo meio uma outra experiência constitucional, em 1838), seria esta a Lei Fundamental que, até 1910, estipulava a organização jurídico-institucional do país.
Talvez a grande novidade presente na Carta tenha sido o surgimento de um quarto poder institucional: para além do legislativo (atribuído às Cortes), do executivo (governo e Rei) e do judicial (tribunais), o Rei-Soldado (como ficou conhecido D.Pedro) atribui à Coroa o poder moderador.
De inspiração francesa, segundo a Constituição de 1815 do Rei Burguês Luis XVIII, D.Pedro considerou a necessidade de uma vigilância das instituições: o Rei pode assim moderar e precaver eventuais falhas no funcionamento das instituições. Destituir as cortes, vetar as leis ou aconselhar o poder executivo passam a materializar, em substância, o tal quarto poder, o Poder Moderador.

Hoje em dia, apesar da inexistência de uma Monarquia, o Presidente da República, apesar das limitações constitucionais ao exercício dos seus poderes, ganha substancial poder quando é o único orgão de soberania que é eleito directamente pelas pessoas. Ao contrário do sistema representativo que nomeia o governo, parlamento e consequentes tribunais, o Presidente da República obedece ao critério directo da população.
As Constituições de 1911, de 1933 e de 1976 fizeram prevalecer, agora na figura do presidente, o poder moderador: atento ao funcionamento das instituições, o presidente da República pode intervir para desbloquear eventais abusos ou carências do sistema político.
Repare-se no recente papel de Cavaco Silva ao promover o debate entre os dois principais partidos acerca do orçamento de Estado. Assim como, há cerca de cinco anos, Jorge Sampaio destituiu a Assembleia da República convocando eleições antecipadas.
Como guardião da Lei Fundamental, o presidente pode promulgar ou vetar as leis, expondo eventuais casos bicudos para o Tribunal Constitucional e reunindo os seus conselheiros de Estado. 
Tal e qual como no Liberalismo Português do século XIX!
Este poder moderador confere ao presidente o estatuto de árbitro no xadrez da política.

Este post serve para limpar algumas dúvidas que a opinião pública menos esclarecida revela em vésperas de mais uma eleição presidencial: muitas das pessoas votam no seu candidato na esperança de que ele vá resolver os problemas estruturais do país. Ou melhor... do seu bolso...
O presidente não governa e acima de tudo deve assumir-se acima do jogo político-partidário.
Cavaco Silva, criticado pela sua pouca capacidade de intervenção, apenas fez o que a Constituição estabelece.

O apoio dos partidos a candidatos desprestigia a instituição, confundindo o eleitorado. Este foi um dos erros da 1ª República quando o Presidente era nomeado pelo Congresso (Parlamento) estando dependente sempre das maiorias parlamentares.
Tradicionalmente, qualquer presidente da República cumpre dois mandatos. Assim foi com Ramalho Eanes (1976-86), Mário Soares (1986-1996) e Jorge Sampaio (1996-2006) e Cavaco Silva não fugirá, de todo, à regra.
Não por mérito seu mas acima de tudo por uma falta de oposição credível. Manuel Alegre não se assumiria como candidato se não tivesse obtido o segundo lugar em 2006, à frente do candidato apoiado pelo PS, Mário Soares. 
Se naquela altura, não levou, por pouco, Cavaco a uma segunda ronda, Alegre erra , em 2011, ao conotar-se com o PS e com o Bloco de Esquerda. Se virmos bem, em teoria é Alegre o candidato do PS mas, na prática, não o é. 

Servirão estas eleições para determinar o funeral político de Manuel Alegre?

Manuel Alegre obteve o resultado esmagador de 2006 em parte devido à ausência de conotação partidária. À medida que a opinião pública portuguesa é cada vez mais atroz ao espectro partidário, as candidaturas independentes são privilegiadas pela sua componente de cruzada e sacrifício. Alegre, assumindo-se como o maior exemplo da luta contra o Fascismo e fundador do Portugal Democrático, opta por um discurso que em nada cola às massas. Homem da esquerda, defensor de valores e ideologias típicas da pura vertente social-democrata, Manuel Alegre deveria ter mantido a sua oposição a Sócrates. Na realidade, ser hoje em dia apoiado por Sócrates é derrota garantida
Se Alegre queria ganhar as presidenciais que ainda não perdeu, deveria ter, corajosamente, saído do PS , assumindo-se como independente. Pelo menos, poderia tornar a corrida a Belém mais emotiva!

Alegre está portanto entre a espada e a parede: por um lado é apoiado por um partido que, diariamente, perde popularidade e que de socialista tem apenas o nome. E ,face ao que Manuel Alegre apregoa, em nada se identifica na forma como  Sócrates vê o país. 
Por outro lado, Manuel Alegre tem pela frente o actual presidente da República. E se a tradição ainda contar para estas coisas, muito dificilmente impedirá  o segundo mandato de Cavaco.
Outro aspecto que condicionará Alegre deverá ser o constante ataque a Cavaco Silva! Apesar de o caso BPN merecer toda a atenção (pois joga com os contribuintes), Alegre poderia alargar os seus pólos de discussão para mostrar ao país o que pensa em relação a todos os dossiers
E não será proferindo um discurso ilusório e ultrapassado pois Alegre demonstra cada vez mais que não é um Homem destes Novos Tempos... poesias e epopeias foram chão que há muito já não dá uva...

Curiosidade em relação à candidatura de Fernando Nobre
Mais uma vez, voltamos a ter uma candidatura (a par de Defensor Moura) independente. Mas ao contrário de Alegre, em 2006, e Defensor Moura, em 2011, Fernando Nobre suscita o interesse pois é alguém que vem de fora dos bastidores da política. Um homem respeitado pela sua humanidade e, até ver, que granjeia de simpática opinião entre o eleitorado. Apelando ao voto fora da teia partidária tradicional, Fernando Nobre arrisca-se a ser um caso sério de popularidade. E acima de tudo mais um enorme cartão amarelo ao sistema político-partidário!
Longe das emotivas eleições de 1986, disputadas até à última por Freitas do Amaral e Mário Soares, estas serão talvez as menos interessantes e mais bafilentas eleições  presidenciais dos últimos 36 anos!

Apelo a todos os leitores deste blog para que dia 23 vão votar. Não se deixem dominar pelo triste senso comum do abstencionismo. Não votar significará a permanência ad eternum deste estado de coisas... 
Para isso existe o voto em branco que tem muita leitura política!

domingo, 9 de janeiro de 2011

estranhos casos de justiça televisiva

A morte de Carlos Castro tem, este fim-de-semana, figurado destacada nas machetes e cabeçalhos da imprensa escrita e audiovisual. Acredito que deverá ser mais pelos contornos macabros que afigura ter acontecido, do que pelo destaque à morte em si.
Com todo o respeito pelo ser humano, que do qual não reúno opinião formada pois, como jornalista que era, nunca me suscitou algum interesse quanto ao universo que abordava, considero que Carlos Castro é um dos responsáveis pelo evoluir da mentalidade cultural portuguesa desde a última década do século XX à actualidade
Época que coincide, ou não, com a alvorada da TV privada que trouxe para os escaparates a exploração da futilidade da sociedade portuguesa. Castro era uma autêntica alcoviteira dada ao mexerico cor-de-rosa.
A sua participação no Big Show SIC e demais programas derivados, levavam a que a dimensão de um mundo cor-de-rosa se transformasse numa autêntica distorção da realidade socio-cultural do nosso país. As suas crónicas constituiam-se como autênticas encíclicas que moderavam e agudizavam o tão propalado jet-set...
A procura pela calúnia, pelo simples bota-abaixismo e a, por vezes, falta de elegância dominavam um estilo jornaleiro que hoje criou escola.
Não serve este post para mostrar o meu desprezo pela pessoa em si. Tenho pena e espanta-me a forma como se deu, ao que parece, a morte.




Se Carlos Castro morreu na cidade onde desejaria morrer,Vitor Alves morreu num país que não desejava encontrar ao fim de quase 37 anos de suposta democracia.
A exploração televisiva da morte de alguém que nada significou para a edificação de um país melhor (bem pelo contrário) suplantou o desaparecimento de um homem que, durante os tempos nervóticos que se viviam em Portugal após Abril de 1974, contribuiu para a clarificação de posições ideológicas dentro do Movimento das Forças Armadas, que conduzia Portugal para um regime pró-soviético,à boa maneira do leste europeu.
Vitor Alves, homem da Revolução, foi um dos militares de Abril que assinaram o Documento dos Nove. Foi a partir deste documento que se denunciaram as opções que as forças da extrema-esquerda do MFA  queriam para Portugal e, ao mesmo tempo, se propunha a condução do país numa via socialista, mas moderada, longe do capitalismo selvagem dos países ocidentais.  Vitor Alves tinha esse projecto de condução de Portugal.
Este homem faleceu e a imprensa ignorou praticamente alguém cujo contributo serviu para que o país ganhasse um verdadeiro sentido. 

Morreu bem longe do país que desejaria...ao contrário de Carlos Castro.

sábado, 8 de janeiro de 2011

é verdade...






E também sai muito caro...

outras (tristes) figuras políticas

Relembrando algumas figuras cujos feitos insólitos e formas de estar denegriram a nobre arte da Política, recordo a húngara Elena Anna Staller, mais conhecida por Cicciolina.
Apesar de ter nascido em Budapeste, Cicciolina conseguiu a naturalização italiana depois de casar com Ricardo Schichci, realizador porno italiano, nos anos 70. Em 1979, integra as listas de um Movimento Ambientalista em Itália e, já nos anos 80, entra para o Partido Radical Italiano que assumia a  sua discórdia em relação à política armamentista e nuclear da NATO que, na altura, dominava em  Itália.

Em 1987, é eleita deputada ao Parlamento em Itália e célebres são as suas intervenções construtivas em sede de plenário onde exibia as partes mais intímas do seu corpo. Em 1989, estreia o seu primeiro filme, e foi também nesses idos de 80 que a deputada italiana visita Portugal, não em missão diplomática ou oficial, mas sim para se exibir num show sui generis no Coliseu dos Recreios em que, para além de outras artes, deliciava a assistência rebarbada com momentos intímos com répteis (cobras e lagartos). E viva o 25 de Abril!


Hoje, com quase 60 anos, continua a posar para capas das revistas da especialidade (não, não falamos da Times ou da Newsweek...).

pimbalhada e política em portugal

Ontem viveu-se o insólito em directo!
Judite de Sousa, a toda-poderosa e conceituada jornalista da RTP, entrevista o candidato à Presidência da República Manuel Coelho.
Não tendo assistindo a todo o programa, momentos houve que mereceram a minha reflexão. E por isso aqui teço alguns comentários.

Manuel Coelho, deputado à Assembleia Regional da Madeira, deu nas vistas há uns anos atrás quando, em pleno plenário, desfraldou uma bandeira com o símbolo nazi de forma a chamar à atenção para a "democracia" que, segundo ele, era levada a cabo naquela região autónoma. Manifesto opositor àquilo que apelida de "Jardinismo", mais tarde apareceria no mesmo hemiciclo com um enorme relógio ao pescoço que, de acordo com a sua justificação, se devia ao facto de não lhe ser concedido o mesmo tempo que aos restantes deputados para poder intervir nos debates parlamentares do respectivo órgão de soberania.
Da primeira vez, valeu-lhe a imediata expulsão do parlamento mas ficou acima de tudo um estilo que, ao que parece, veio para se instalar na praxis política portuguesa: a comédia e o "fazer política a rir".

Alguns reparos: como é que este sujeito chega a deputado?
Segundo as suas palavras em resposta às questões da pivot, Manuel Coelho assume-se como um homem de esquerda mas que figura num partido (Nova Democracia) fundado por um homem conotado com a direita parlamentar portuguesa, Manuel Monteiro, antigo líder do CDS-PP. Segundo o candidato, não existe em Portugal uma direita mais à direita que o CDS-PP nem uma esquerda mais à esquerda que o PCP. Manuel Coelho confessou que, numa altura de vontade de ingressar n vida política madeirense, estava "politicamente desempregado" e que pediu emprestado o partido de Manuel Monteiro para poder "chegar ao poleiro". E é este o "lema" da sua campanha de candidatura: "Coelho ao Poleiro". Tendo estado esta semana em Lisboa, Coelho desenvolveu toda uma acção de campanha em pontos da capital que, segundo ele, são altamente alegóricos: em plena Fábrica dos Pastéis de Belém, Manuel Coelho morde um desses tão apreciados símbolos da doçaria nacional para satirizar Cavaco Silva como sendo senhor de uma forma pastelosa e inerte de intervenção na vida política portuguesa. Para Coelho, Cavaco Silva é o "verdadeiro Pastel de Belém".

Esta entrevista apenas merece o meu reparo no seguinte ponto: a democracia, não sendo um sistema perfeito, permite que estes insólitos aconteçam. A liberdade de expressão e opinião, pilares fundamentais de um Estado de Direito, são por vezes suplantadas por exemplos semelhantes de "mau gosto" que conduzem a responsabilidade que os actores da res publica devem ter na forma como se assumem perante o potencial eleitorado. Não sendo caso peregrino, Manuel Coeho mancha a democracia pois torna-se um bobo da corte na forma como se apresenta. Um deputado da Nação, lá por ter uma imagem negativa nos tempos que correm, será sempre o primeiro a dar o exemplo da correcta postura e cidadania. Corremos o risco de a vida política portuguesa se esvaziar no universo pimba, tão próprio dos artistas que abundam por esse país a fora (e além fronteiras).
A sátira é uma arma letal. Mas se compararmos a outras épocas em que a sátira singrava como forma de alerta às consciências, teriamos de recordar Rafael Bordalo Pinheiro que, com a mestria do seu traço e capacidade corrosiva de observação da realidade, fazia com que as mensagens passassem e politizassem as consciências em inícios do século XX português.
Em segundo lugar, Manuel Coelho, ao pedir emprestado o partido de Monteiro, prestou um enorme serviço ao país quando denuncia a forma como muitas vezes vemos o real objectivo que os partidos (financiados por todos nós) têm para os que lá entram... servindo os partidos como barrigas de aluguer dos intresses dos seus membros...

Manuel Coelho até poderá ter razão naquilo que afirma (Alberto João Jardim e a sua crescente centralização política; os abusos das altas esferas políticas e a falta de credibilidade  que os agentes da Administração e Governo detêm na opinião pública) mas envereda por folclóricas estratégias que nada de bom trazem a um país que necessita, realmente, de ideias e soluções concretas e sérias.

Judite de Sousa, perto do desespero mais que aparente, pergunta, por fim, se Manuel Coelho iria levar a sua candidatura até às urnas e se realmente tinha consciência da forma como se movimentava. Manuel Coelho, tendo três dedos de testa, assume que será impossível ganhar o tão almejado poleiro (pudera!) mas que a sua candidatura servirá para alertar e despertar as consciências portuguesas para os abusos da política. Concordo que a vida política só me faz rir mas não tolero este tipo de humor fácil e que, ao abrigo da igualdade de oportunidades para os candidatos, vem distrair desta forma o país.

Deixo aqui um excerto da tourada que ontem se assistiu...

domingo, 2 de janeiro de 2011

sem comentários

CLICA AQUI

the walking dead

Estou a gostar... e muito!
Para quem aprecia histórias em redor do mundo dos zombies (ou Mortos-Vivos), poderá encher-se de felicidade.
Baseada na graphic-novel "The Walking Dead", de Robert Kirkman e Tony Moore, a série que é agora exibida na FOX com o mesmo título recupera um filão que se pensava há muito esgotado. Até hoje só tinha lido um dos comic books e, para quem gosta de 30 days of dark, não me havia motivado muito.
Para mim, falar de filmes de zombies é falar de "The night of the living dead" (1968), de George Romero que  explorou o universo de cadáveres vivos de forma pioneira e brilhante.

Neste "The Walking Dead" encontramos o (bom) gosto pelo macabro, medo, violência extrema e até algum humor bem negro! 

A história em si é bem simples: e se os mortos se levantassem das campas e atacassem os vivos?

Descansem que não vemos (por enquanto) zombies com pinta de galãs a derreterem o coração de  meninas imberbes em plena crise da adolescência! Não derretem mas devoram corações e demais órgãos de forma tétrica mas gulosa!
Para já estou a acompanhar a 1ª série (de apenas seis episódios) e estou a gostar...