segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

beady eye



A voz e as influências são inconfundíveis.
Lembra-me Instant Karma, de Lennon a solo...
Podia ser um novo single dos Oasis mas não
Eu esperava, mesmo assim, algo diferente  que marcasse o início de uma nova fase na carreira de Liam Gallagher e restantes Oasis (agora sem o mano Noel).
Estes são os Beady Eye... aguardemos o disco... penso que saiu hoje!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

aconteceu na prisão...

Abriu-se mais um sórdido caso de polícia que corre a passos largos para se tornar em mais um caso de mediatismo absurdo típico da sociedade portuguesa.
Alegadamente, um recluso num estabelecimento prisional em Paços de Ferreira terá sofrido abusos de trato por parte dos guardas desse mesmo estabelecimento.
O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto,  já veio publicamente repudiar aquilo que considera como práticas abusivas de tortura reveladoras de pragmatismo fascista e totalitário.
O insólito do caso começa no momento em que a cela do dito recluso mais se assemelhava a um autêntico depositório de merda acumulada de gerações! Parece que o sujeito se propunha a desestabilizar a ordem dentro do estabelecimento, procedendo a constantes ameaças e braços-de-força para com os guardas.
A minha opinião é a seguinte: cada caso é um caso. Se o choque eléctrico é utilizado em primeira mão, sem critério e de forma indiscriminada, é grave. Mas se neste caso se verificou exactamente o oposto, já penso de outra forma.
Considero que, num Estado de Direito Democrático, a lei deverá regular situações destas. Raramente, o debate parlamentar aborda as questões imanentes ao quotidiano de um estabelecimento prisional. Só quem lá está é que poderá descrever de forma clara e isenta o purgatório (não só para os presos) que é o mundo das prisões.
A democracia parte da importante permissa de evitarmos tornarmo-nos monstros de forma a vencermos o monstro. A superioridade ética e moral deveria ser sempre fulcral na forma como se gerem as situações do foro público. Legislativo, executivo e judicial.
Considero que os presos não devem ser maltratados mas, em situações onde a sensatez se esgota, as leis deverão regular a forma como se enfrenta, então, dado problema.
Não considero uma prisão uma colónia de férias. Afinal de contas, quem lá se encontra em cumprimento de pena, prevaricou: usou da sua responsabilidade e da sua cidadania optando por eventuais delitos. Apesar de cidadão, pleno de direitos, um recluso não estará propriamente numa posição de exigir tratamento VIP. Porque as prisões (ainda) são propriedade mantida pelos nossos impostos.
Quem lá está acha-se com direitos e mais direitos, esquecendo-se que, se não cometesse tal delito, bem poderia não ter lá entrado.
Concordo com a necessidade de uma política de reintegração social e com a chamada segunda hipótese. Mas uma terceira, quarta e sucessivas novas oportunidades de vir a ser um outro cidadão tornam-se ridículas. Há que reconhecer que por aí existe gente que não quer viver em comunidade. 
Dizem os psicólogos e demais sociólogos que o criminoso é sempre fruto de inúmeras falhas e assimetrias do nosso sistema de bases sociais. E por isso, o sistema está errado e tende-se a desculpabilizar o prevaricador ao invés da absoluta condenação do nosso sistema de organização social.
Mas continua a haver muito boa gente que, apesar da ausência de oportunidades e condições socioeconómicas, não envereda pela lado negro do crime.
Que se averiguem as condições que levaram aos supostos abusos.
Mas deveremos evitar que seja mais uma vez um processo conduzido ao sabor dos ventos de uma comunicação social que, em vez de tentar investigar o caso partindo de um escrutíneo da conjuntura geral que envolve o sistema prisional português, tenta ver neste caso manobras do botabaixismo político, manipulador das massas populares.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

portugal num ápice

Tive conhecimento, via semanário Sol, da suspensão do programa da SIC Notícias, Plano Inclinado.
Tratava-se de um óptimo espaço de debate em que o vulto intelectual de Medina Carreira assumia as suas visões acerca do débil estado da Nação.
Sem papas na língua, Medina Carreira espingardava em todos os sentidos e direcções sem olhar a cores partidárias e levantando sempre questões que pouco simpatizam com o jogo do poder. 
Como moderador, Mário Crespo fazia real juz à sua qualidade como jornalista.
O programa é agora suspenso. Segundo António José Teixeira, director de programação do canal, a retirada do programa vem no seguimento de uma reformulação estratégica do dito canal.
Obviamente que este caso não ficará por aqui. Nas segundas linhas discutir-se-á bastante.
Por outro lado, soa-me demasiado denunciado o fim do programa, sabendo nós dos recentes casos de "possíveis ingerências de terceiros" na gestão dos órgãos de comunicação. Veremos...

Num outro quadrante, a moção de censura anunciada por Louçã nem na praia morrerá. Anunciada no calor de aceso debate parlamentar, o anúncio da dita bomba por parte do Bloco de Esquerda mereceu reparos vindos de dentro do partido. E cabeças rolaram também sob pretexto de não ter sido discutida em sede própria a estratégia para deitar abaixo o governo.
Apanhado de surpresa, todo o parlamento reagiu. O governo apelidou a atitude bloquista de irresponsável. O PCP sentiu-se ultrapassado e já veio afirmar que votaria a favor se o texto da moção (a apresentar a 10 de Março) se mantivesse incólume.
Morta antes de nascer, a moção bloquista revela o carácter erróneo e populista/demagógico da esquerda. Louçã revela falta de responsabilidade ao tentar fomentar crises políticas quando o interesse do país deverá ser, agora e mais do que nunca, a preservação da estabilidade governativa que tem é de trabalhar e promover  uma oposição construtiva.
Quanto ao CDS, Paulo Portas não nega a necessidade de uma moção mas, ideológicamente, sente que não poderá apoiar a esquerda mais canhota.
O PSD gosta desta sensação de poder. Sabe que Sócrates depende de si. Passos Coelho é diariamente confrontado com as possíveis eleições antecipadas. Como compete à oposição, em democracia, os partidos devem vigiar a acção do executivo. A batata quente passa, assim, para Sócrates cuja acção se tem pautado pelo total alheamento dos assuntos do país.
O primeiro-ministro vive neste momento tal e qual um almocreve que, de terra em terra, tenta vender a sua mercadoria que, neste caso, são títulos de dívida pública. De resto, aparece quando obtém um ou outro motivo para ficar bem na fotografia...

Tal como a questão do défice que, segundo a execução orçamental de janeiro, terá reduzido cerca de 58%.
Sócrates, cuidadoso, assobia timidamente uma vitória mas esquece-se que, na sua maioria, estes dados reflectem não uma redução da despesa mas sim um aumento da receita fiscal. Interessa saber, então, se a despesa está, ou não, a diminuir. Ou pelo menos controlada. Penso que só em março éque poderemos ter os primeiros resultados de execuções orçamentais.
Mas, quando ainda Sócrates gritava "vitória", o governador do Banco de Portugal vem para a comunicação social falar do cenário de recessão que já se assiste no país. Considero que Carlos Silva Costa se esqueceu de uma das mais fundamentais leis da Economia:a questão da confiança como pilar fundamental para o crescimento económico. E sendo titular de tão importante cargo, a responsabilidade acresce na forma como se fala para as massas... e para os investidores/credores do país.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

o "outro" homem de aço

La mort de Staline é um álbum de BD francófono que é agora editado em Portugal.
Adquiri-o e, após folhear ao de leve algumas páginas, fica a sensação de um trabalho que tenta ir um pouco mais além do que a mera recuperação da figura histórica do antigo líder da União Soviética. 
Historicamente, não existe ainda absoluto consenso em relação a este Homem-de-Aço (significado de Stalin). Se Herói ou Vilão?


Os autores Fabien Nury e Thierry Robin optam por um desenho realista e directo, fazendo lembrar por vezes o estilo de Mike Mignola. Sombras e tons escuros criam esta atmosfera onde se cruzam a história, o mito/ culto tenebroso da personagem de fundo e também algumas derivações pelo surrealismo e catarse emocional: os momentos que antecederam esse dia de Março de 1953, o impacto da morte de alguém que se assumia como imortal e os enredos palacianos que se seguiram...

Ainda não li mas adivinham-se bons momentos...
Fica a sugestão...

all star superman

Aconselho vivamente...
Há muito que não lia uma história do Homem de Aço de nível semelhante...
Que venha o 2º volume...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

música para me salvar a vida...

A notícia acerca do tão esperado lançamento do novo disco dos Radiohead apanhou-me desprevenido.
Ainda bem.
Confesso o quanto me sentia angustiado em termos musicais por já não ouvir um disco recente realmente interessante.
Apesar de ainda não ter ouvido uma canção sequer deste novíssimo "The King of Limbs", este é já o grande acontecimento do ano em matéria discográfica.
Desde o anterior (e fabuloso) In rainbows que os Radiohead fazem juz à sua aura totalmente indie
Sem editora própria, a banda de Thom Yorke despreza o cumprimento de timing, optando por todo um processo de auto-gestão da sua música e direcção artística.
Como já disse há muito tempo, esta é para mim a maior pequena banda do Universo. Fiéis a uma estética própria que, desde OK computer, serve como doutrina para tantas outras bandas,  os Radiohead representam a vertente paradigmática do anti-rock star. Se têm, ou não, esse estatuto, isso é-lhes conferido pela forma autêntica e espontânea com que trabalham. Sem pressas e sem calendários ou jogadas de marketing a rondar o perímetro.

Reafirmo o facto de ainda não ter ouvido uma única nota musical deste disco que será editado via-mp3 no próximo sábado (em formato físico, apenas em Maio). Poderei frustrar as expectativas?
Claro que sim! Afinal de contas In Rainbows é quase tão sublime como OK Computer, embora o álbum de 1997 (hoje em dia apontado como um dos maiores marcos na história recente da música) tivesse aquele carácter brand new na altura. Mesmo assim, o sucessor Kid A (2000) foi arrebatador e comovente...

Ao contrário da maior parte dos projectos, que muitas vezes fazem um óptimo disco de estreia, os Radiohead tiveram segundos álbuns que suplantaram por completo o primeiro disco Pablo Honey (de 1993) , apesar da existência de alguns temas de referência nesse disco de estreia...

Este disco "The King of  limbs", mesmo sem o ter escutado, chegar-me-á cá a casa como um novo estímulo para que eu desista de andar de costas voltadas para a música contemporânea mais recente, em que apenas um ou outro projecto merece atenção... sei que estou a ser demasiado faccioso e desonesto em termos intelectuais...

Mas um disco dos Radiohead salvar-me-á a vida neste momento...

Que venha ele!


Podem já reservá-lo aqui em mp3 ou caixinha deluxe + mp3.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

os dias do Lótus

Saúdo o povo egípcio pela forma como lutaram pelo seu objectivo. 
Manifestaram-se e sacrificaram-se. Pressionaram. Mostraram o seu descontentamento e não arredaram pé, nem abandonaram o perímetro.
Hosni Mubarak caiu. Desde 1952 que a "terra dos faraós" estava entregue aos oficiais livres, independente do protectorado britânico em vigor desde o primeiro pós-guerra.
Pelo meio, muitas crises e tensões: a nacionalização do Canal do Suez (1956), a rivalidade com Israel que, em clima de Guerra Fria, seria aproveitada tanto pela URSS, como pelos EUA e constantes choques petrolíferos...
Mais do que o principal e central país árabe, o Egipto é um exemplo milenar de civilização e cultura.
Mubarak marcou a aproximação egípcia aos EUA (após a tendência russófila de Nasser e Al Sadat), como aliança de interesses económicos recíprocos. 
Por outro lado, para satisfazer os interesses geopolíticos americanos no Médio Oriente, Mubarak admitiu uma relativa aproximação a Israel (feudo pró-americano circundado por países anti-americanistas).
Os últimos tempos de Mubarak foram controversos: decreta-se a Lei da Excepção à romana, que suspende os direitos e garantias constitucionais, para munir o governo de todos os meios para chegar a qualquer fim. O desemprego, a repressão policial, a censura... tudo foi apontado para que se legitimasse a tomada de consciência dos egípcios...
Longe dos tempos da divinização do faraó, Mubarak vê ruir a sua pirâmide do poder 30 anos após ter substituido Al Sadat como presidente da terra do Grande Rio. Ruiu frágil e sensível ao desejo de mudança do povo nilótico. É necessário repensar tudo outra vez. Este sistema presidencialista falhara...

 Se queremos mudar o mundo, teremos sempre de ser nós a iniciar essa mudança, já dizia "A Grande Alma".

P.S Em Portugal, nunca viria tal coisa a acontecer. As coisas que mudem por elas...desde que não me chateiem, concordo com tudo aquilo que me põem à boca para comer.
Enervante este "fado português"... esta "alma lusitana" que só sabe jogar à bola...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

das presidenciais II

É impossível reduzir as últimas presidenciais a uma só leitura.
Uma vez mais, Portugal comprovou que merece a elite política que tem: cerca de 54% de abstenção confere a Cavaco Silva a eleição presidencial mais frágil desde 1976. Mas, e assim rezam as regras do jogo democrático, "por um voto se perde, por um voto se ganha". E assim foi. 
Se Sampaio foi reeleito em 2001 com uma avassaladora abstenção e demitiu o governo em 2004, Cavaco tem toda a legitimidade para assumir o cargo, que é seu desde 2006.

Em relação ao tão propalado  discurso no CCB após o escrutínio, Cavaco demonstrou que não sabe ganhar. Enveredou por um ataque a quem o atacou sublinhando o facto de ter conseguido a reeleição sem um único cartaz na rua e contra cinco candidatos que denegriram o seu bom nome na praça pública. A grandeza de um candidato que acaba de ganhar fica assim manchada quando a sua ética ( e o tão considerável sentido de Estado) deveria apelar a um sinal de pacificação no meio político português. Preferiu combater o fogo lançando fogo. E o país vai-se queimando...

Cerca de 300.000 pessoas foram às urnas para votar em branco. É justo contarem-se os votos em branco como abstenção? Eleitores que se deram ao trabalho de ir votar, não escolhendo qualquer candidato é facto relevante. Não será, de todo, o mesmo que faltar, esquecer, demitir-se de ir exercer o dever cívico.
Os partidos políticos tiram as leituras que melhor os servem: o PSD destaca a vitória do candidato apoiado por si como um acto de confiança por parte do eleitorado na estabilidade e equilíbrio de poderes. Sabiamente, Passos Coelho recusou alimentar as especulações em redor do tabú das possíveis legislativas antecipadas. As presidenciais são eleições directas e unipessoais, ao contrário do sistema representativo que alicerça as demais eleições. 
Relativizar o Presidente é um erro. E o líder laranja sabe isso mas consegue fortalecer a posição do seu partido na vigilância ao PS e ao governo.

Por sua vez, o CDS-PP enaltece a vitória de Cavaco. Paulo Portas lança já pistas para o que definirá a agenda política democrata cristã para os próximos tempos: pressionar o governo e piscar o olho aos sociais democratas para um possível governo saído do armagedão de umas possíveis legislativas fora de tempo.

Quanto à esquerda, o PCP é o rei das vitórias morais. Os cerca de 8% que o seu candidato consegue comprovam a fidelização do eleitorado comunista. E por isso, Jerónimo de Sousa considera que os objectivos foram cumpridos.

Já Louçã demonstra a preocupação por ver o país na iminência de um volte face à direita. Ao lado do PS, o Bloco de Esquerda reconheceu a derrota e chama à necessidade de a esquerda se unir de forma a travar o avanço de uma direita. Os erros de Louçã, Sócrates e Alegre foram vastos.

Comecemos por Alegre: nunca se deveria ter recandidatado. Pior que isso apenas a sua candidatura apoiada pelo PS. Soltou-se a confusão no eleitorado. Ora, um homem que criticou as opções do governo socialista e que se mantém no cargo de deputado da Nação ao abrigo do PS não terá sido fácil de digerir por parte do eleitorado. Os portugueses gostam de heróis e Alegre poderia ter usado o fato do herói, demitindo-se de forma digna do partido a que tanto se opôs. Mais, poderia ter saído em braços da Assembleia da República iniciando, aí sim, uma pré-campanha independente. 
O eleitorado sentiu-se confuso e traído.
Alegre sabia que não era, de facto, o candidato socialista a Belém. Só em fase já adiantada da campanha é que podemos confirmar a presença de importante vulto rosa ao lado de Alegre. Quando Sócrates vê a sua popularidade a decair drasticamente é que sente necessidade em tomar partido da causa de Alegre. 
Mas aí o tempo já escasseava. Tanto Alegre, como Sócrates, ambos sabiam que muito dificilmente destronariam um presidente de um segundo mandato. O eleitorado, em matéria de presidenciais, é bastante conservador e só com um enfraquecimento letal de Cavaco é que Alegre poderia aspirar a uma ténue hipótese.
Arrancou, pois, Alegre para uma campanha que visou denegrir Cavaco na praça pública. Cavaco também não esteve feliz. Longe disso!
Poderia, facilmente, ter resolvido o assunto esclarecendo o eleitorado acerca das acusações que lhe eram feitas.  São opções. Respeitemos...
Como afirmei ainda antes de 21 de Janeiro, estas eleições mataram, no sentido político, Manuel Alegre. O mito de 2006 não mais se repetirá.
Com Cavaco, esgotam-se as hipóteses dos hipotéticos candidatos em 2016... Marcelo Rebelo de Sousa?

Mas estas eleições vieram a comprovar a necessidade de rever a democracia em Portugal. Ou melhor, a falta de cidadania e valores democráticos em Portugal. Equacionar o "porquê" deste afastamento do eleitorado. Sem dúvida que lamento as peripécias em torno do Cartão de Cidadão que, para o PS, foi uma descarga mortal no tal celebrado "Choque Tecnológico" rosa...
Não podemos, repito, olhar para os votos em branco (ou mesmo nulos) de forma passiva. Faz-nos pensar e essa é uma das mais urgentes reflexões que deverão ser feitas no futuro próximo. A bem de um país mais positivo.