sexta-feira, 20 de março de 2009

a natural diferença entre sexos

A Lei da Paridade causa burburinho desnecessário. Quanto mais leis se criam...ou seja, quantas mais vezes se lembrar que a sociedade da igualdade entre géneros deve ser imposta e não assegurada por uma transformação das mentalidades, mais frequentemente se agitarão as águas e mais preconceito haverá. Assim é a minha opinião. Não sou machista. Considero o machismo fora de moda, ultrapassado e obsoleto. Mas não concordo com imposições. Sou favorável a que as mentalidades devem evoluir naturalmente do preconceito, através de uma captação e assimilação do bom senso para que se ganhe alguma naturalidade na vida real.
Várias foram as vezes em que supus a História do Mundo com maior intuição feminina...seria, no mínimo, um mundo diferente.
As mulheres devem chegar à política, aos altos cargos e a que lhes sejam atribuídas responsabilidades equitativas em relação aos homens. Sem dúvida. Mas será que estamos preparados para isso?
A mulher não deve aspirar à igualdade. Deve aspirar ao seu direito à diferença.

taça da liga

A competição Taça da Liga tem sido desvalorizada tanto por dirigentes e adeptos. Os que estão na mó de cima afirmam que trata-se de uma competição para consolar aqueles que na mó de baixo se encontram. Por outro lado, o argumento quanto ao prestígio e tradição histórica é levantado por esses mesmos e outros. 
De uma forma mais séria, as barracadas quanto aos regulamentos definidos fizeram com que esta competição fosse ainda mais denegrida na opinião pública e organismos dos clubes, principalmente aqueles vitimados pelas mesmas confusões legislativas por parte de um dos organismos que tutelam o futebol em Portugal.
Felicidade ou ironia do destino, a segunda edição da competição traz este ano um saboroso derbie entre os dois maiores clubes portugueses (em termos de popularidade, claro está). Um Sporting-Benfica é um autêntico atenuante face a todos os problemas que esta prova tem sido alvo durante a presente época. E nem leões, nem águias querem desvalorizar o culminar da prova. Acima de tudo é um clássico apetecido...o maior de todos!
Desvalorizar ou maldizer, amanhã a equipa que vencer o troféu irá proporcionar enorme rejubilo aos seus adeptos e a equipa derrotada vai levar a que os seus adeptos façam escárnio da prova, afirmando que essa taça não valia nada mesmo!
Mesmo se ganhar o Sporting ou mesmo que seja o Benfica a sair vencedor, a prova será vista como secundária na tradição futebolística portuguesa por parte dos derrotados. Pois não tem historial e, numa visão economicista, apenas servirá interesses de grandes marcas. 
Azar dos azares! Um clássico! E é sempre um clássico...mesmo a feijões!!!!

Quique Flores chegou a Portugal no último Verão para treinar o Benfica. Muito se escreve acerca do treinador do Benfica: que, por metade dos erros que este senhor teima em cometer, um treinador português já teria sido demitido do cargo!
Uma coisa é certa. Este espanhol charmoso tem dado uma lição de cortesia e de saber estar de forma elegante num antro dominado pela podridão de discurso e por uma imprensa sedenta por encontrar formas de vender notícias e choques bombásticos. Portugal não está habituado a isto. Somos uma nação de gente cruel e sádica, eternizada por seculares frustrações por nunca olharmos, primeiramente, para o nosso metrinho quadrado. A imprensa do passado fim-de-semana ironizou e escarneceu Quique Flores quando este se mostrou solidário com Paulo Bento a seguir à goleada sofrida pelo Sporting em Munique. De forma realista e sensata, Quique relembrou que, quem anda no futebol, pode sempre estar na iminência de igual descalabro. Ironia do destino, as palavras de Quique não foram bem vindas pela deusa da Fortuna: o Benfica foi derrotado pelo Guimarães e Paulo Bento ultrapassou Quique, colocando justiça nos três primeiros lugares do campeonato. O Sporting é melhor que o Benfica mas o Porto é melhor que qualquer outro em Portugal!
Quique Flores é um grande homem. Enorme carácter. Assim como Paulo Bento que, embora o considerem exagerado nas suas opções ou na forma como encara o valor da disciplina, tem exercido enorme trabalho dentro do Sporting. Mas são dois feitios diferentes. Um é português, eternamente crispado com tudo e com todos. O outro é espanhol. Será isto factor cultural? Não sei! 
Espero que Quique Flores continue no Benfica pois tem feito um excelente trabalho! Sei que a equipa não joga bem, apresenta-se sempre aparentemente desmoralizada em campo e, com o plantel que possui, teria obrigação de corresponder a outro nível. Gosto dele como homem! Sei que o meu filho um dia vai gostar de futebol: não o pressiono quanto a questões clubísticas nem tenciono passar-lhe uma bola de futebol para os pés logo que ele começar a gatinhar... mas gostava que ele visse estes exemplos no futebol...não as "carolinas", as "frutas" ou demais "mergulhos para a área"! Tanto Bento, em termos de carácter e fiel às suas convicções, como Quique Flores, no seu temperamento moderado e de constante postura positiva quanto ao futebol, fazem falta a Portugal.

A meu ver, a final de amanhã é uma comemoração disto mesmo! Vale por isso tudo o que vale! 

quinta-feira, 19 de março de 2009

tum-tssa-tum-tum-ta-tum!!!!!

É uma praga que merece ser aqui mencionada no meu cantinho da Internet. 
Não me oponho a que cada pessoa assuma os seus gostos, tendências, paixões, etc. Aliás, a diversidade é uma dádiva da inspiração humana pelo que nem todos podemos gostar do amarelo senão...o que seria do azul!?!?
Mas hoje venho aqui manifestar o quanto farto me sinto com a circulação na via pública de autorádios com carro incorporado: de certeza todos já beneficiámos da experiência empírica, ou seja, de pararmos num semáforo, numa fila de trânsito ou meramente estarmos em casa e ouvirmos um desses aparelhos (que muitos deles nos remetem para séries de sci fi fajutas ou para o saudoso carro do Automan...sim, aquele justiceiro electrizante dos 80's cujo seu veículo descrevia curvas a 90 graus,,,,) a passar...
Por muitos considerado um desporto, o Tunning conquista cada vez mais adeptos, não fosse este país uma verdadeira terra de cóbóis do volante. De encontros, festivais até manifestações, o carácter desportivo do Tunning distingue-se, no naipe dos desportos, a partir do saudável exercício de rebentar com os tímpanos do pessoal que dentro desses autorádios com rodas vibra em êxtase com tantos decibéis, frequências graves (medidas pelo amplificador que ocupa a bagageira), luzinhas e néons!
Obviamente, que um desporto como o Tunning exige da parte do seu praticante um rigoroso investimento não só em termos de artilharia sonora e visual mas também ao nível do figurino/equipamento: corte de cabelo à Cristiano Ronaldo/Ricardo Quaresma de design aerodinâmico (para cortar o vento), com um belo brinco à la Beckham fashion em cada orelha para que os néons reflictam a luminosidade transcendente do indivíduo. Pele bronzeada e oleada, com uma bela pêra aparada a pente dois   que descreve o perímetro da face do indivíduo. Cinto com um tigre, camisola de alças bem justinha com abdominais bem pronunciados e uns belos sapatos de ténis brancos para que, com a luz negra presente em todo o veículo, se repare bem no giga/joga de pés no momento do arranque.
Para completar, um boné enfiado até metade do encéfalo e uns óculos de estilo geométrico conferem ao praticante do desporto "Tunning" toda a sua aura digna de ascensão ao Monte Olimpo!
Bom, passemos às imagens... 



O que me faz vir aqui falar acerca disto é o simples facto de, por algumas vezes, as pessoas ficarem espantadas quando sabem quanto é que eu paguei, por exemplo, por uma guitarra. Olhando para estas imagens, interrogo-me quanto não custará transformar um carro destes. Lembro-me, há uns anos, de um amigo  aparecer rechonchudo na plenitude do seu orgulho após o seu investimento de centenas e centenas de contos numa discoteca ambulante. Vá lá que na altura não havia a moda desta música (que eu costumo apelidar como Bimbó Nice Sound)! Continuando. Esse rapaz foi uma vez para o Estádio da Luz assistir a um jogo e laurear a sua aquisição.No fim, Benfica derrotado, carro assaltado. 
Esta semana, muitos praticantes deste (considerado por eles) desporto, manifestaram-se para que o governo aprove uma lei que legalize as transformações nos automóveis. Para além do ridículo que significaria legislar sobre estes desportistas que nada contribuem para a sociedade (muito pelo contrário pois apenas significa poluição sonora, ambiental e exibição fútil de luxúria saloia).Esquecemo-nos que são estes senhores que muitas vezes fazem corridas nas pontes, auto-estradas e outras vias colocando em perigo a segurança dos demais cidadãos. 
Reitero a minha posição. Cada um que goste do que lhe apetece gostar mas acho que o Tunning é uma futilidade própria de parolice aguda! Se isto é desporto, vou ali e já venho... talvez faça bem!

terça-feira, 17 de março de 2009

no horizonte (quase) nada de novo

Tem sido assim ao longo dos tempos!
Um disco novo dos U2 gera sempre enorme ansiedade nos espíritos: se por um lado os fãs da banda irlandesa rejubilam com mais um trabalho que se pensa ser "o último de uma bonita carreira de trinta e tal anos", os mais atentos ao fenómeno da música pop encaram sempre com reticência uma efeméride deste calibre dada a constante camaleónicoantropia que sempre Bono e Cª habituou o mundo da música. Mesmo longe da produção em série própria de um início de carreira durante os anos 80, os U2 marcaram as rupturas e as novas tendências dos 90's lançando poucos mas marcantes discos. Achtung Baby (1991) inaugurou, juntamente com Nevermind dos Nirvana, os anos 90 e (felizmente) calou a goela a tantas personagens que cirabandeavam o universo  Rock FM, Hard Rock clássico e Pop Xunga que, em anos não muito distantes dessas alturas, conspurcavam de forma enjoativa os escaparates e tendências musicais. Se calaram a boca a uns, trouxeram para a vanguarda outros. Muitos se renovaram, muitos se esfumaram. Depois, Zooropa (1993) assumiu-se como um lógico irmão bastardo do belíssimo e controverso disco de 1991. Pop (1997) determinou o fim do acto de loucura: apesar do brilhantismo das canções que o integravam, o disco mais eclético e louco dos U2 inovou mas não convenceu de forma unânime: pela primeira vez a Internet, desvendou um disco seu obrigando a banda a trabalhar de forma mais rápida. E como diz o provérbio, a pressa é inimiga da perfeição. O disco revela autênticos problemas de produção embora com notáveis momentos (Discoteque, Gone, Please, Mofo, Wake up dead man) que ganhariam (e não foi pouco) com a transformação desses mesmo temas ao vivo. Pelo meio, um disco do alter ego da banda, "Original Soundtracks-The Passengers" que nos trouxe um trabalho típico de estúdio feito a meias com Brian Eno, Daniel Lanois e outros sob enorme signo da inspiração.   
O novo século abriu com uns U2 à defesa.
Acima de tudo estavam as canções nuas, cruas e puras de "All that you can't leave behind". Talvez menos interessantes. Mas sem dúvida de enorme eficácia. Era a crise da meia idade
Em 2004, apesar das promessas de um álbum de guitarras e amplificadores a espumar de raiva, "How to dismantle an atomic bomb" confirmou estes U2 afectados pelo (dito por muitos) fracasso de Pop. De simples trocas de bola, sem grandes brilhantismos ou mestria técnica, os U2 voltavam à fórmula antiga: Steve Lillywhite, que havia produzido os primeiros discos (Boy, October e War) encabeçou uma equipa de produção que acima de tudo mostrava uns U2 de barbinha feita e chinelinho confortável no pé.
E chegamos a 2009. Após reedições,dvds e colectâneas, os irlandeses anunciam Rick Rubin como timoneiro na fabricação de novo disco. Após algum tempo, arrependem-se. Prescindem de um dos mais conceituados produtores a nível mundial (que qualquer artista daria a p...a para ter um disco com a chancela deste senhor) e vão buscar os velhos amigos que compõem a dupla Eno & Lanois. Autênticos globetrotters, a banda procura ideias na aridez do Saara marroquino.
O resultado está aqui na minha mão: "No line on the horizon".
É-me difícil dizer o que penso acerca de um disco destes senhores que me acompanham desde sempre e que tanto me deram. Mas assumo desde já que tudo o que eu escrever poderá mudar com o tempo. Isto é muito intuitivo e quis guardar uma opinião para depois de conhecer este novo álbum de forma segura. Quem me conhece sabe que sempre fui muito céptico em relação aos U2. Talvez má habituação e mimos a mais. É uma autêntica amargura o momento em que escuto algo novo destes tipos. 
Não sei se valeria mais a pena referenciar cada canção, uma por uma mas eu odeio singles. Um álbum é um todo. É um quadro. É um livro que merece ser entendido como um só.
Mas uma coisa eu assumo: este disco tem as melhores canções que os U2 fizeram desde Pop (não inclusivé!). As canções "No line on the horizon" e "FEZ-Being born" são estimulantes, não pela inovação, porque não o são, mas sim pela destreza e valor que têm em si! Adoro quando os U2 aderem ao caos sónico típico do tema que dá título ao disco e à ambiência de "Fez-Being Born"!
Pelo meio encontramos aquilo que estes senhores nos habituaram nos últimos trabalhos: cantigas de lá-lá-lá dizer cheias de Coca-Cola, Big Macs e Stars & Stripes (Breath, numa abordagem lírica aos grandes trovadores americanos, e Stand Up Comedy, em que Bono estabelece uma retrospectiva da sua vida como activista que, tal e qual Napoleão, é um pequeno homem de grandes ideais). 
Depois temos algumas músicas que prometem mas não explodem: "Unknown Caller", em que o refrão sincopado é o melhor que a música terá, "Moment of Surrender",que chegou a fazer lembrar os tempos de Berlim mas que rapidamente se perde essa sensação face ao cariz gospel que a canção ostenta (não obstante o magnífico trabalho que The Edge mostra nesta faixa).
Num diferente nível, "Magnificente" relembra-nos uns U2 de tempos idos. Um autêntico "coming out from the past" mas que seria, em 1984 e 1987, um excelente B-Side. Um dos melhores temas do disco... (!!!)
Depois, as experiências mais calmas: "White as snow" e "Ceddars of Lebanon" que trazem alguma introspecção ao disco, com a minha preferência a incidir sobretudo na segunda. 
Por fim, temos o lado que eu mais odeio nos U2: o de querer ser uma banda pop para ter airplay na MTV. "I'll go crazy if i don't go crazy tonight". Com um título destes só poderia estar à espera do pior. E não me venham dizer que "Sweetest thing" é pop do pior pois não é! E tomara esta ter a mesma mística que a música que Bono dedicou à mulher como perdão por se ter esquecido do seu aniversário. Coloco esta música ao nível de "Staring at the sun",  tema de "Pop"que continua a passar na rádio, e este talvez nunca o venha a conseguir... (se esse será o intuito dos U2 ao comporem um tema destes).
Em relação a "Get on your boots", já disse tudo o que tinha para dizer. Acrescento que ao vivo até poderá ter força mas não me chateia nada se não o ouvir  em concerto.
Para concluir e em jeito de síntese.
"No line on the horizon" é um disco que não chateia, em que as melhores músicas do disco são realmente muito boas mas que revela uns U2 pouco criativos. Volto a dizer que nunca aconselharia alguém que quisesse conhecer os U2 a começar por este disco pois de certeza que lhe passaria ao lado. 
Apesar dos sebastianismos de um novo "The Joshua Tree" ou "Achtung baby", este álbum enquadra-se perfeitamente no ciclo da banda durante esta primeira década do século XXI.
Um disco que tem de ser ouvido com calma. Não é fácil. 
Pontos positivos: as letras de Bono! Desde Pop que não lia tão boas letras nas cantigas dos U2 (salvaguardo "The Ground beneath her feet", letra de Salman Rushdie). O carrossel de sons e produção de Eno & Lanois, que partilham com a banda também créditos ao nível de autoria. 
Esperemos então pelo que se segue!