segunda-feira, 30 de novembro de 2009

guitar zero

Corrijam-me se eu estiver equivocado. Mas sucede que cada vez me sinto mais intrigado com essa maravilha do entretenimento doméstico denominada de "Guitar Hero". A minha mãe conta sempre que, ainda de xuxa na boca, ficava fascinado e empedrecido frente à televisão a observar e a simular (em jeito de imitação) os artistas que lá apareciam. Orgulhosamente saudosista, a minha querida mãe conta sempre que, ainda pequenino e de fraldas, aquele que aqui vos escreve trauteava o "Message in a bootle" dos Police, ainda antes da fase Cantigas da Minha Escola (da saudosa Cândida da Branca Flor) ou "Brincando aos clássicos" (dos míticos rebentos da Ana Faria, os Queijinhos Frescos) com elevado rigor artístico. Existe também uma fotografia de um dos meus primeiros natais em que, trajado a rigor com um boné altamente radical (quais Limp Biskit ou bandas new-metal)e empunhando uma daquelas guitarras de plástico a dizer "fadista" que se ofereciam aos putos, cheias de doces lá dentro, se comprova a minha precoce paixão pela música. Para além dos mega-concertos improvisados no meu quarto agarrado a uma raquete, a oferta da minha primeira guitarra no Natal de há não sei quantos anos mudou a minha vida para sempre. A minha paixão pela música, apesar de uma proto-fase anterior, atingiria aí uma fase fulcral. Depois foram as aulas, a troca de sabedoria musical na escola, ouvir discos clássicos e tentar imitar e reproduzir o que se ouvia. De seguida vieram as primeiras bandas, os primeiros concertos e a coisa foi ficando séria até aos dias de hoje. Tocar guitarra, para além do prazer que se tem, não é fácil: sentir os dedos em sangue ou uma corda que se parte e nos magoa, de maneira sangrenta o dedo, fazem-nos criar amor pelo instrumento e pela música.

Algo que hoje já não é tão abstracto. Apesar de nunca ter experimentado, este simulador de instrumento musical denominado de "Guitar Hero" conquistou, em dois anos, a juventude portuguesa: sem mexer os dedos ou sentir as cordas e o corpo da guitarra a vibrar, os meninos de hoje tornaram-se autênticos monstros do rock ao carregarem em cerca de meia dúzia de botões às cores para poderem acompanhar uma música dos Metallica, dos Nirvana ou dos Beatles, por exemplo. Uma vez, lá na escola onde trabalho, parei para observar qual o objectivo e emoção que norteavam a loucura juvenil em relação a este jogo: pensava eu, inocentemente, que o jogador (sim porque, pelo que me disseram, "Guitar Hero" é um jogo!) ao se enganar teria de travar um combate virtual, corpo a corpo, com um vilão, também ele pertencente ao mundo virtual das consolas de jogos. Mas não. "Guitar Hero", pelo que me foi dado a entender, resume-se ao objectivo de tocar uma música (com solos e ritmo e tudo) virtualmente, como se de um grande executante se tratasse. Por isso, peço que me elucidem acerca deste jogo: qual a piada de mexer em meia dúzia de botões, em vez de meia dúzia de cordas?

5 comentários:

Vitor disse...

A versões dos botões nunca experimentei, mas adorava jogar bem a versão das cordas... mas não tenho grande jeito...

JPD disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JPD disse...

Da mesma forma que aprendeste a ler e a escrever, a trabalhar em computadores... é tudo uma questão de paciência, esforço e dedicação... nunca
é tarde para aprender...e bem podes imaginar um dia a cantares e tocares para a Eva (bom, tu tocas.a marta canta LOLOLOL)

Vitor disse...

Ah! Ainda bem que é a Marta a cantar senão o condominio expulsava-me daqui.

Falta-me tempo para ter uma verdadeira dedicacão, mas o pior é que o meu cérebro funciona mal com ritmos. Chega a ser rídiculo como fico fora de ritmo, mesmo que seja um simples bater num prato de bateria a determinado (e estupidamente simples) ritmo...

filipe dumas disse...

Antes de me dedicar à arte em si, passei por um período de Guitar Hero. É, de facto, decadente.