quinta-feira, 19 de agosto de 2010

da guerra

Após sete anos de conflito, a última brigada de combate americana abandona o território iraquiano.
Para trás, os americanos deixam mais de 4000 soldados mortos e um número muitíssimo superior de iraquianos (na sua grande maioria civis) mortos, feridos e completamente destroçados por aquilo a que George W. Bush apelidou de Cruzada contra o Eixo Mal.
Acima de tudo interrogo-me : como será visto este conflito pela História? Qual o balanço que dele será feito?
Após a política isolacionista que marcou o primeiro século de História Americana, em 1917 os EUA, na altura sob administração de Woodrow Wilson, decidem intervir na Europa auxiliando a vitória inglesa e francesa na 1ª GM. Wilson foi talvez o primeiro presidente a inaugurar a política que hoje define este expansionismo americano. Os seus famosos 14 pontos, que culminariam na fundação da Sociedade das Nações (instituição transnacional fundada no rescaldo da 1ª Grande Guerra), viriam a propor uma nova forma de entendimento entre os diversos povos de forma a evitar futuros conflitos. Abriu-se todo um precedente geopolítico que viria a marcar todo o século XX , continuando pelo século XXI adentro.
A Pax Americana define-se, tal como no tempo do Império Romano em expansão pela barbárie, como um proselitismo ecuménico de valores americanos: a democracia, os direitos humanos e um mundo americanizado e unificado sob todos os seus princípios. Económicos até.

Assim foi após 1945, durante a obsessão compulsiva anti-soviética, assim o é desde o 11 de Setembro.
Apesar de todas as teorias da conspiração que atribuem ao lobbie das indústrias de armamento ou petrolíferas o desencadear destes conflitos, de forma a estimular a produção obtendo lucros, o Iraque será sem dúvida mais um trauma para os cidadãos americanos, assim como será o Afeganistão. Não tanto como o Vietname (pois terá sido a primeira vez que o mundo assistiu a uma guerra não-convencional) mas traumático quanto baste.

O Estado Maior das Forças Americanas fala de vitória: derrubou-se um ditador!

No Iraque e pelo mundo fora, ouve-se dizer que o derrube de Sadam Hussein trouxe ao de cima "cem Sadams". Para além do estado de sítio, destruição, medo e todo um rol dramático que envolve a antiga Pérsia.

Continuo a afirmar que é muito difícil instituir regimes democráticos pró-ocidentais em países tradicionalmente assentes em regimes principescos e autoritários e isso confirma-se com as recentes eleições que pouco ou nada trouxeram à pacificação do território. Obama tinha feito desta retirada uma das suas bandeiras eleitorais. Contra a opinião de parte do Estado Maior das Forças Armadas Americanas, e de alguma opinião pública, os americanos deixam o Iraque. Mas que Iraque será este daqui para a frente?
Que outros Iraques vIrão?

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