sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

na grafenola...neste virar de ano...

Em termos musicais, este ano termina com enormes (e boas) referências. De forma sucinta, revelo aqui o que vai passando (e marcando) cá em casa e no carro. Destaco já, em primeiro lugar, uma grandiosa descoberta: os Animal Collective cujo disco Merriweather Post Pavillion, que não é nem mais nem menos que o seu oitavo disco de estúdio, se afigurou como do melhor que este ano de 2009 nos deu em termos musicais.
Difícil de catalogar, a música destes americanos do Maryland transporta-nos num autêntico carnaval de texturas sonoras que demonstram influências que vão desde as melhores referências da música popular americana até aos sons sinfónicos mais classicistas, mesmo barrocos, passando pela electrónica e pop, sem complexos. Mas tudo isto ganha uniformidade a partir de uma coerente e expressiva linguagem musical muito própria. Um grandioso trabalho. Fica aqui o single "My Girls".
Continuando em terras do Tio Sam, um regresso muito saudado. Os Flaming Lips são talvez uma das bandas mais estimulantes da actualidade. Nunca se sabe bem que direcção irão, de um disco para o outro, tomar. E essa incerteza fá-los continuar a preservar um nicho de mercado só deles. Wayne Coyne, líder e alquimista da banda americana, concebe a música dos Flaming Lips como um autêntico jogo de cores, sons e derivações que se conjugam numa apoteótica cacofonia, jogando com os ruídos e os silêncios, tentando envolver o ouvinte em autênticos labirintos musicais. Os discos dos Flaming Lips são autênticas lições de trabalho de estúdio e de experiência musical. Se o anterior registo, At War with the mystics (2006), revelou por vezes uma tentativa de chegar a patamares mais próximos da canção pop (recordo Yeah,Yeah,Yeah Song), no seguimento do que havia sido feito deste o magistral Soft Bulletin (álbum de 1999) e Yoshimi battles the pink robots (2002), este novíssimo Embryonic vem fechar as dúvidas quanto a uma eventual atenuação da loucura da banda de Wayne Coyne. Embryonic traz quase duas dezenas de faixas cujo mistério se vai desvendando uma a uma, ao longo do processo de audição. Este disco (e os outros dos Flaming Lips) é daqueles que temos de ouvir várias vezes, em diferentes estados de espírito e em diferentes aparelhagens.
Deixo aqui este Convinced of the hex. Fiéis às suas influências e heróis musicais, os Flaming Lips, para além do lançamento deste Embryonic, lançam também a sua versão de "Dark Side of The Moon", obra clássica dos Pink Floyd. Já tive oportunidade de ouvir no site oficial da banda e posso dizer que é magistral a forma como Coyne e Cª revisitam uma das maiores relíquias da música dos últimos 40 anos. Depois de ouvir a versão dos Flaming Lips, coloquei no gira-discos o velhinho álbum dos Pink Floyd. Como uma visão futurista de uma peça de Sófocles ou Shakespear, esta nova versão do clássico disco é uma autêntica homenagem à mítica banda inglesa (que tanto terá ensinado a Wayne Coyne). A aguardar edição nacional mas já disponível no Itunes.

1 comentário:

Vitor disse...

Duas excelentes referências! Nestes dias ando a alimentar-me a Flaming Lips. Sobre os Animal Collective já tinha escrito há uns meses... é um álbum excelente.