terça-feira, 7 de julho de 2009

pina bausch (1940-2009)

Numa época de enormes perdas no mundo artístico, seria ofensivo não relembrar também a coreógrafa/bailarina Pina Bausch, falecida muito recentemente.
Não sendo apreciador de dança ou bailado, tenho de reconhecer que o trabalho desta senhora alemã contribuiu, de forma decisiva, para as rupturas estéticas e sociais que a arte contemporânea evidenciou a partir das últimas décadas do século XX.
Se os anos 60 se traduziram naquela tão propalada revolução sexual, onde a mulher se assumiria cada vez mais como dona de si e do seu corpo, o trabalho de Pina Bausch agregaria toda essa nova postura de ruptura face a preconceitos sociais anteriores e ultrapassados...mas resistentes. Não sendo talvez a sua primária finalidade, é certo que a reformulação da dança por si defendida, a partir de uma ruptura com os cânones clássicos do bailado ou ballet de court, traria ao corpo da mulher a dignidade que ainda muitos teimavam em negar. A expressão do corpo no bailado de Bausch traduz emoções, sejam elas calmas, obstinadas, violentas ou delicadas. É no seu corpo que se encontra toda a magia do trabalho artístico enquanto acto comunicativo.
O corpo da mulher, como tela ou como paleta cromática, é onde se desenha e se pinta tudo o que se transmite.
Pina Bausch é hoje reconhecida como a criadora daquilo que se chama "Teatro-Dança". Sem falar ou debitar texto, o corpo tudo nos diz e nos apela.
Almodôvar, admirador das linguagens femininas no seu âmbito mais íntimo, não esqueceu o valor de Pina Bausch, incluindo até num filme seu um excerto de Café Muller; peça fundamental da autora.


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