segunda-feira, 8 de junho de 2009

só merecemos o que temos

"Achas que eu vou votar? Para quê? É tudo a mesma coisa! Só lá estão para ganhar o deles!".
A inteligência e bom senso com que ouço tantas pessoas a tecerem informações deste calibre faz-me vir aqui reflectir.
Não sendo a primeira vez que abordo esta questão da crescente separação Política/Eleitorado, apenas questiono: não teremos nós o país e a elite política que merecemos?
Mais importante que reflectir acerca dos resultados do acto eleitoral de ontem, é de substancial importância acentuar que os portugueses não merecem a democracia. Ou melhor. Ainda não se habituaram a estes valores. E, pelos resultados da abstenção a nível europeu, parece que falta muita formação ao nível da consciência cívica na Europa. Muitos já defendem a obrigatoriedade do voto, retirando a carga de consciencialização e responsabilidade inerente a cada um. Outros já ripostam, alertando para que a democracia não deve ser exercida de uma forma autoritarista, obrigando as pessoas a votar.
Penso que o problema estará na própria falta de consciência e formação das pessoas. Bem que muitos dizem que toda a gente está cansada e desiludida. Compreendo perfeitamente. Outros tantos desculpam-se pela falta de informação. Aí não compreendo e não aceito. Se não tivessem informação acerca de um concerto do Tony Carreira ou de um jogo de futebol, toda a gente iria informar-se, pois já interessa revelar uma certa autonomia ao nível da procura de informação. Hoje em dia tantos são os meios que nos permitem ser elucidados acerca de tudo aquilo que procuramos, não estivéssemos nós na era das tecnologias da informação. Se antigamente a informação era algo fraccionado e limitado, hoje em dia só não sabe quem não quer.
E voltando à sábia expressão com a qual iniciei este post: por respeito a tantos que deram as suas vidas para que hoje pudéssemos escolher, penso ser de máxima urgência rever estas considerações e perceber que o efeito que a não participação do eleitorado terá será exactamente o contrário. O voto é uma arma que temos para poder escolher. É uma voz que temos. Não participar só funcionará a favor do poder instituído pois, em política, a abstenção significa total concordância com qualquer que seja o resultado. A não ida às urnas retira-nos a total legitimidade para exercer uma acção de protesto ou opinar acerca de qualquer situação. Em política, o voto em branco é poderoso. Mas as pessoas continuam a preferir abster-se, pensando que agem de frma sensata e inteligente. Votar em branco tem uma total leitura política: revela uma total discordância com qualquer das forças/partidos/movimentos que se apresentam a sufrágio.
Por isso reitero que Portugal merece tudo aquilo que tem. Os portugueses merecem os políticos que têm. Não querem mudar mas passam a vida a chorar e a mal dizer.
Depois dos cerca de 60 e tal % de abstenção, estarei errado?

5 comentários:

Anónimo disse...

Concordo contigo em praticamente tudo especialmente no voto branco.

Mas sou daqueles que me queixo da falta de informacão. Não no sentido de perceber o que é a UE, mas em relacão ao que os candidatos pretendem fazer no contexto da UE. Não vi uma única discussão de fundo série sobre o assunto. Há os pró e os contra... mais nada! Um vazio...

JPD disse...

Repara numa coisa, Vitor, o que não faltou foi discussão e debates nos jornais e tv. O teor desses mesmos terá frustrado em muito quem procurava um melhor esclarecimento- Mas acho que somos suficientemente autónomos para sermos nos a procurar as coisas, quando realmente nos interessamos por isso. O problema é que estamos sempre à espera do ovo no cu da galinha. Acima de tudo não podemos ficar resignados face ao deserto de ideias que se alastra na política em Portugal. A melhor arma para combater esse limbo é ir às urnas, votar em branco e mostrar-lhes um belo de um cartão vermelhinho!!!!!!

SRC disse...

Eu este ano "pequei" e confesso que me custou muito. Foi a 1ª vez que não fui votar (desde que atingi a maioridade) porque não estava/ estou em Portugal. E logo este ano que gostava de ter apoiado pessoas em que acredito... (se quiseres ver do que falo: http://www.mudarportugal.pt)
Tal como tu, acho ridículo o facto das pessoas não mexerem o rabinho para irem votar. Acho que se à beira das urnas dessem brindes ou tivessem por perto um Toy a cantar a afluência era bem maior! Mas é o povinho que temos...
beijos
p.s.- o teu Diogo é muito giro!!! 'Tá visto que sai á mãe! :)

JPD disse...

engraçado...e não é que votei mesmo nesses? LOL

SRC disse...

serio???? lolol
fizeste tu muito bem!
são pessoas cheias de iniciativa e com vontade de mudar isto! estes eu sei que se esforçam (falo com conhecimento de causa).
em setembro/outubro há mais... pode ser que se consiga diminuir a % de abstenção.
e toca a votar MMS outra vez!!! :)