quinta-feira, 17 de abril de 2008

SPACE...THE FINAL FRONTIER!

Muitos consideram-me maluco mas eu ando apanhado pelo Star Trek!
Lembro-me em criança de ver na televisão réstias fugazes da série criada por
Gene Roddenberry na década de 60. Mas confesso que me passava ao lado dada a minha imaturidade para a complexidade filosófica que envolvia aquela série. Talvez esperava assistir a perseguições de naves, lutas com sabres luminosos ou Buck Rogers em catadupa
30 anos depois, eis-me aqui a falar de Star Trek.

Estou a falar da série original que estreou na cadeia televisiva americana
NBC em 1966.
Naquela altura, em plena Guerra Fria e numa época de corrida pelo domínio espacial, o assunto
“Espaço” era sinónimo de mito e loucura…mas possível…já JFK disse que, no final da década de 60, a América irá pôr um homem na Lua…lançando, a título de inveja, um repto face à URSS, após esta ter colocado um homem em órbita.
É a época em que
Bowie, em Space Odity, imagina a Terra vista do Espaço ou especula acerca da possibilidade de haver vida em Marte
Resumindo,
STAR TREK, no seu genérico, considera o Espaço como a derradeira fronteira. Assume-se como um itinerário imaginário pelo Universo, onde nunca nenhum homem foi…
E é no Universo, e nos enigmas que continua a guardar, que toda a filosofia de Star Trek gira em torno: a
U.S.S Enterprise, capitaneada pelo Capitão James Kirk e o seu oficial para as ciências, Mr. Spock. Aliás, conhecido pelas suas pontiagudas orelhas, Spock (filho do embaixador vulcano, Sarek, e de uma professora humana, Amanda Grayson) representa mesmo a dualidade entre Intuição/Lógica e Emoção/Razão. Ao longo da série despertamos para as opções tomadas por Spock que, sem obedecer a sentimentos, age apenas pelas sua dedução empírica e baseada na lógica, o que nos faz pensar acerca de muitas opções que temos que tomar, para bem ou para o mal, na nossa vida! Por outro lado, numa época em que a América mandava a sua juventude para o Vietname, a série apresenta inúmeras metáforas para a questão da guerra/paz, críticas ao governo americano e soviético (na sua diplomacia pelo equilíbrio de armamento e intimidação pelo terror – aliás, um dos episódios da primeira série chama-se mesmo Balance of terror).
Por entre vários temas, muitos giram em torno do Homem como ser social, questiona-se um mundo alternativo e despido de leis em que não existe espaço para impor o que é o Bem ou o Mal, a superioridade da inteligência artificial face inteligência natural e muitos outros temas; o racismo e segregação racial (basta olhar para a tripulação da Enterprise em que convivem brancos, negros e orientais) e o
feminismo (grande parte dos tripulantes da Enterprise são mulheres, desempenhando papéis de relevo na tripulação da nave).
Star Trek foi, no seu tempo, polémico e tornou-se uma série de culto.
No diccionário da Oxford o sinónimo de fã ou fanático é Trekkie!!!
Em 1997, um documentário intitulado Trekkies mostrou o que era ser um Trekkie, viver segundo a lógica de Star Trek: desde as conferências e debates até, ( o que mais me espantou) a utilização de uma senhora, fã de Star Trek, como júri em tribunal!!! Mas isto só nos EUA!!!
Em tudo isto, o Espaço e o Universo e tudo o que está para além da nossa imaginação apresenta-se como o cenário: o Espaço, misterioso e infinito, faz-nos interrogar acerca da viabilidade para que o homem possa encontrar redenção num novo mundo… mas o que é engraçado (e não nos podemos esquecer que esta é uma série revolucionária que desenvolveu o
scifi) deixa sempre uma esperança para a Humanidade; os próprios anos 90 do século XX (a série passa-se no século XXIII) são vistos como os anos da aniquilação humana; várias são as menções, ao longo da série, à 3ª Guerra Mundial (que nos anos 60 se chegou a temer, a partir da Crise dos Mísseis de Cuba, principalmente) que devastou o planeta Terra. E Star Trek assume-se como uma tentativa de profetizar o que o mundo poderá ser; o destino da Humanidade; a convivência e construção de novos mundos algures no Universo… a relação do Homem com outros seres, além da Terra…
É realmente fabulosa esta série. Não só pelo conteúdo mas também pela originalidade e pelo legado que deixou: teria havido
Star Wars, Galáctica, Space 1999 (que um dia falarei aqui) ou, mais recentemente, Stargate?
Devo agradecer também a um dos meus gurus: o meu colega de Filosofia, Joaquim, por me abrires os olhos para o
Star Trek. OBRIGADO! ;)

Sem comentários: