quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cidades-fantasma na China

Incrível o documentário que acabei de assistir no programa 60 minutos da SIC Notícias!
Não nos apercebemos mas, não tarda, voltaremos a assistir a uma nova bolha de especulação imobiliária, desta feita, na República Popular da China.
Nos últimos anos o mercado imobiliário foi visto pelos analistas financeiros como o principal motor propulsor da economia do gigante asiático.
Construiu-se e voltou-se a construir, com base numa especulativa ideia de que o mercado da aquisição de propriedades era o melhor investimento. Resultado? Bom, imaginem cidades à escala chinesa (com capacidade para um milhão de habitantes) inabitadas, em zonas remotas e vazias a lembrar as cidades-fantasma do Velho Oeste dos tempos da garimpagem.
O que é mais curioso é o facto dessas habitações (cerca de um milhão de habitações e serviços) estarem todas vendidas! A bolha especulativa, alimentada pela crença no dinamismo do mercado imobiliário chinês, está neste momento a pairar como uma negra nuvem que, mais tarde ou mais cedo, fará as primeiras vítimas. 
É incrível o que se construiu! Mercado de luxo em que, de forma a atrair compradores, se afixaram falsos placards anunciando lojas de marcas como a Starbucks, Apple, Dolce & Gabana, entre outras, como forma de atrair compradores.
Estas cidades, como é o caso de Kangbashi na Mongólia, foram a resposta que o Estado chinês deu, em 2008, ao alastramento da crise financeira mundial. Assim, e dentro da lógica do capitalismo de  Estado (doutrina política económica levada a cabo pelas autoridades chinesas desde os tempos do pós-maoismo), tentou-se combater a crise económica através do incentivo ao mercado de habitação - convém recordar que a bolha especulativa se iniciou com as previsões da Moody's (sim, esses...) ao afirmarem que, até 2020, metade da população chinesa habitaria em cidades modernas, construídas do zero...sob direção central por parte do Estado chinês.
Estas cidades fantasmas não foram feitas para todos, tão pouco para uma classe média pois essa é praticamente inexistente. 
Numa China politicamente defensora de um socialismo de mercado (ou de um capitalismo de estado), as classes mais altas são as únicas que podem adquirir estas fantasmagóricas e vazias casas que compõem estes desertos de betão. Para os restantes (e que são a maioria), resta-lhes continuar a profanar o que resta das suas antigas casas, demolidas para que se pudesse construir estes elefantes brancos com olhos em bico, para habitar numa rude e desumana barraca.


CLIQUEM AQUI

Sem comentários: