segunda-feira, 20 de junho de 2011

sobre a alimentação...

Num programa de opinião de uma prestigiada estação radiofónica, debatia-se há uns dias atrás as conclusões de um estudo levado a cabo por uma credível instituição de forma a averiguar a dieta alimentar das crianças e jovens até aos 17 anos de idade.
Conclusões:
- Apenas 1% da amostra respondeu que os filhos comem sopa todos os dias.
- Cerca de de 6% da amostra revelou que os filhos bebem água (ou leite) às refeições.
- Uma larga maioria afirmou que, ao invés da água ou leite, as crianças bebem refrigerantes.
- Destaca-se um pequeno grupo da amostra que destacou que os refrigerantes consumidos pelos filhos são "light" ou "sem açúcar".
- Não há o hábito de comer fruta às refeições, ou entre as mesmas.

Perante estes resultados, e numa altura em que se discute a  estabilidade do sistema nacional de saúde, podemos sempre prespectivar estes hábitos alimentares da juventude num futuro a médio e longo prazos.
Considero que a viabilidade de um sistema de saúde passa pela prevenção. Se hoje Portugal entra no podium europeu da obesidade infantil, penso que o país se deveria preocupar com este sintoma e as suas repercussões no futuro.
Muitas são as doenças que advêm da obesidade e que um dia exigirão do SNS pesada factura.
Não pretendo fazer desta minha reflexão uma apologia do economicismo do Estado Social. De todo. Está provado que "diz-me o que comes, dir-te-ei o que és". Desta forma, cabe a todos nós começarmos a trabalhar para um SNS viável através de uma atitude proactiva:


- Dar o exemplo através de uma alimentação cuidada e equilibrada em casa.
- Procurar, a partir de uma certa idade, sensibilizar os miúdos para os problemas de uma alimentação sem qualidade. Sem rodeios ou falinhas mansas.
- Incentivar ao exercício físico ao ar livre, e não jogar futebol sentados no sofá agarrados à Wii, PS3 ou XBox...

Quanto ao papel do Estado:

- Proibir a venda de doces, refrigerantes, chocolates e gelados nas escolas.
- Cafés que vendam semelhantes produtos não devem funcionar num raio de 1 km das escolas.
- Apelar às empresas e marcas maior responsabilidade na sua publicidade, através da regulação.
- Ter em atenção a qualidade das ementas escolares.
- Talvez incluir nas disciplinas escolares de Formação Cívica conteúdos acerca deste problema.


Não sendo propriamente novas, estas propostas até poderiam fazer sentido.
Obviamente que os grandes interesses económicos das grandes marcas nunca seriam preteridos face a tal problema que se adivinha dramático.
Mas se a Lei do Tabaco é hoje vista e aceite pela sociedade de forma pacífica (pese embora alguns argumentos menos positivos), considero que um maior rigor na regulação só ficaria bem, e reforçaria o papel da administração central na sociedade.

Portugal orgulha-se da sua gastronomia. E com toda a razão!
Doces, enchidos e iguarias plenas de sabor que são, por vezes, incompatíveis com o lado mais saudável que nunca deveria ser esquecido. Não apelo ao boicote à nossa gastronomia da qual me assumo fervoroso adepto.
Mas continuo a defender que começará em casa uma boa educação alimentar... a bem de um futuro sustentável...