quarta-feira, 2 de novembro de 2011

guerra do peloponeso

Chamem-lhes o que quiserem chamar, mas os gregos, em termos de cultura cívica, dão "dez a zero" aos portugueses.
Ao anunciar a realização de um referendo para votar o sim ou não à nova remessa de dinheiro, no âmbito da "ajuda" financeira do FMI, BCE e UE, o primeiro-ministro Papandreou lançou o caos na zona euro.
Realmente, estes democratas que habitam Bruxelas, quando se fala de democracia, têm medo de jogar o jogo.
O que muitos consideram um auxílio, outros referem-se a esta assistência financeira como sendo um massacre à população que o tem de pagar, a bem ou a mal. Estas assistências financeiras têm maior probabilidade de correrem mal do que terem impactos positivos. Excluindo o Chile, em 1973, aquando da subida ao poder de Augusto Pinochet, após o golpe de estado apadrinhado pelos EUA, todos os outros "auxílios" têm demonstrado uma receita desastrosa e calamitosa. A última vítima foi a Argentina. Agora a Grécia. De seguida será Portugal e por aí adiante.
Papandreou faz ressuscitar na Grécia o espírito verdadeiro da democracia da polis clássica no tempo de Péricles: consulta à comunidade se querem, ou não, continuar nesta espiral maligna de afundamento de um futuro que, a cada dia que passa, se afigura como mais negro ainda.
O povo grego vai ter a legitimidade de dizer se quer, ou não, continuar a cavar um buraco ou se quer bater, de uma vez por todas, bater violentamente no fundo desse buraco. A queda afigura-se como brutal e violenta. Há quem diga que é preciso cair mesmo de vez para que nos voltemos, a maior ou menor custo, a erguer. Há quem defenda que a eutanásia é preferível a uma degradante morte lenta.

A Europa encontra-se na encrusilhada mais alarmante da sua ainda curta História. O Euro foi um erro. Pelo menos para muitos países que tanto fizeram (ou não) por merecer a sua participação no pelotão da frente em 2002.
Aguardam-se desenvolvimentos.
Para já, a reunião do G20 revelará, uma vez mais, que as grandes decisões económicas e finaceiras continuam nas mãos de instituições fora da esfera de soberania política.

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