quinta-feira, 22 de julho de 2010

politiquices

Parece que na "laranja"... nada de novo.

Cerca de quatro meses após a sua eleição nas directas, Passos Coelho começa a entrar numa perigosa espiral.

Não voto PSD mas preocupa-me o facto da ausência de ideias com que este grande partido, que se perfilha como o outro lado do constante rotativismo político-partidário em Portugal, se afunda.

Passos Coelho foi eleito e, de início, alguns oráculos apontavam-lhe um enorme futuro. Outros, profetas da desgraça e caciqueiros de barba branca, torceram o nariz à eleição do jovem ex-dirigente da JSD. Ao contrário de muitos, Pedro Passos Coelho é um homem de dentro da cantera social-democrata. Conhece as bases e fazia crer que o sumo novo que pretendia bombear para dentro da laranja poderia ser bem fresquinho e vitaminado.

Do seu lado, os media apontam óptimas sondagens. Valendo aquilo que valem, as sondagens dão ao PSD clara vantagem sobre um moribundo PS que cada vez mais se desfigura e, enfraquecido, lá vai tentando remar de forma a tapar buracos atrás de buracos.

E em Portugal é assim! Não se ganham eleições. Tal como no futebol, a expectativa reside no erro adversário. Sócrates colecciona erros e precalços. Do elenco governativo, já nem o Super-Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, consegue trazer garantias. O PEC e toda a volúpia de austeridade a que o país foi condenado não cairam nas boas graças do eleitorado. Por mais que tentem afirmar o contrário, Portugal é um país condenado à constante crise financeira: as finanças estão mal pois o país não produz. Se não produz, não gera riqueza. Se não gera riqueza e não produz, não gera emprego. Se não gera emprego, não há dnheiro para consumir o pouco que se produz. Se não se escoa o que se produz, não é necessário produzir mais portanto despede-se...é uma autêntica pescadinha de rabo na boca.

Mas Portugal, não produzindo riqueza, é um país consumidor. De onde virá o dinheiro que nós vamos ainda tendo na carteira?
Cá de dentro não é de certeza.
Temos um país perto da bancarrota.
Portugal endivida-se diariamente a um ritmo alucinante mas, por orgulho ideológico, não se quer admitir aquilo que é transparente e claro. E não é preciso perceber muito de Economia.
Em desepero, aumentam-se impostos e, assim, é fácil ser Ministro das Finanças. A receita aumenta mas, se não a contivermos, a despesa ainda mais aumentará.

Para Passos Coelho a despesa do Estado tem de ser estancada. De todos os líderes laranjas desde há muito tempo, Passos Coelho é aquele que, sem pudor, afirma e defende a sua ideologia: um Estado menor deverá ser um melhor Estado. Obviamente que, para o português comum, os meios com que Passos Coelho pertende atingir os fins não são bem vistos: perante a conjuntura económica e financeira actual a economia portuguesa deverá também ela flexibilizar-se. Esta palavra "flexibilização" é soada como non grata numa população de esquerda mas com laivos pequeno-burgueses.

A par desta visão neoliberal da economia, Passos Coelho apregoa à Revisão Constitucional. Para ele, o Socialismo ainda está muito presente na Lei Fundamental. Serviços como a Educação e Saúde deverão ser "flexibilizados", assim como o mercado laboral. Os patrões aplaudem.

E é isto o PSD!

Um partido/grémio composto de interesses empresariais que submetem para segundo plano os interesses do país. Quanto mais fácil fôr despedir, melhor! A sua base ideológica está no Liberalismo oitocentista de contornos selváticos em que a "Lei da Selva" prevalecia: se não consegues ser alguém é porque não trabalhaste para isso.

Este individualismo é a base do PSD. Chamar a este partido de Social Democrata é como chamar comunista a Jesus Cristo.
Por outro lado, em relação ao suposto fim do Serviço Nacional de Saúde, em entrevista à SIC Notícias, Nuno Morais Sarmento (PSD) driblou Francisco Assis (líder da bancada parlamentar socialista). Assis defende a questão do dever humanista e da consciência colectiva e social no fortalecimento de uma assistência na Saúde acessível a todos. Mais que um dever, é uma questão solidária que norteia o PS.
Concordo com Morais Sarmento quando ele afirma que a possibilidade de escolha entre o sector público e privado deve ser assumida e tida em conta. Quem pode pagar o sector privado, que pague. Quem não tem recursos que aceda ao público. Apesar de ser muitas vezes o que acontece, se formos a ver bem não considero justo contribuir com os meus impostos para ter assistência médica ou uma creche para o meu filho mas depois não poderei vir a usufruir, tendo de ir para o privado. Ou para ir ao dentista e ao pediatra, tenho de novamente me dirigir ao privado.
De forma clara, pago duas vezes: pago para a criação de um SNS público e para uma rede de escolas públicas que não vou poder utilizar pois os coitadinhos vão estar à minha frente.
Pagamos um serviço que não usufruimos! Isto é injusto!
E nisto tenho de concordar com o PSD que defende que o SNS ou a Educação devem ser justos: quem não tem possibilidade, que usufrua do público. Quem pode, que se dirija ao privado.
A meu ver não se trata aqui do cantar do cisne do SNS ou Escola Pública. Apenas será necessário estudar novas formas de conter a despesa, promovendo uma maior justiça em toda a sociedade.
O PS teima na sua matriz socialista do Estado-Social. Mas só os coitadinhos é que são o povo? Uma classe média que é constantemente sufocada por impostos e, como afirmou o nosso PM, sob o dever de um esforço patriótico para pagar subsídios, escolas, assistência médica e rendas a famílias que continuam a procriar filhos sem terem condições para tal e que chegam a escola (que nós pagamos) e nem valorizam o dom de aprender?
Um estado que nos pede para sermos pobretões-patriotas e que adquire uma frota nova de Audis e BMW's sob pretexto da necessária prestação dedeslocação pelo país por parte dos Técnicos?
É isto a justiça social?