sábado, 14 de novembro de 2009

mais uma montanha para parir um rato (parte 2,222222....)

Eu sou uma daquelas pessoas que gostavam de ouvir as tais conversas telefónicas entre José Sócrates e o seu amiguinho Armando Vara. A lei portuguesa não permitiu a utilização de escutas telefónicas para condução de (mais um!) processo que envolve a elite política portuguesa. Fala-se de imunidades e regalias que, segundo a Constituição, travarão a condução do processo com vista a apurar o que realmente se passa. E o que se passa é que vemos em Portugal abrir-se uma outra frente inquisitória que a nada conduzirá. Apurar a verdade tornou-se em Portugal algo que, por via do anacronismo dos nossos códigos legislativos, é impossível de conseguir. Mas eu adorava mesmo ouvir estas conversas. Ouvir o teor das mesmas. Mas a lei não o permite. Pois a lei não é feita pelos homens. Se calhar cresce nas árvores ou vem do leito dos rios ou mesmo dada por arbustos em brasa no cimo de um monte sagrado. Pensava eu que a lei era o corolário da concordância humana respeitante à necessidade de regular situações diversas, segundo os padrões, juízos e ideias que melhor servem a comunidade. Esta burocracia legislativa enoja-me. A falta de vontade ou mesmo o medo de se saber um pouco mais seria apocalíptico para estes senhores que nos conduzem. Pelo menos, a suspeição mina o ego colectivo nacional perante estas situações. A democracia, não sendo perfeita, não se pode restringir à simples consulta popular em plebiscito quando é altura para isso. A participação cívica começa a partir do momento em que se apuram verdades que dizem respeito a situações confusas. A lei não permite? Alterem a porcaria da lei! Estou cansado destes juristas e constitucionalistas que justificam a sua impotência pela falta de elasticidade de uma lei ou mesmo pelo exagero de ambiguidades que a mesma apresenta. A lei devia de ser clara. Mas não é. É feita para senhores pelos mesmos senhores. Obviamente que não defendo a constante alteração da lei, conforme as necessidades de cada mês ou semana. Mas defendo que, perante uma série de situações que corróiem a sociedade e opinião pública de forma sistemática, algo terá de ser feito.
Estes problemas tornaram-se já epidémicos no nosso país. Vamos continuar a tapar o sol com a peneira? Mas falta vontade. A democracia falhou em Portugal.

3 comentários:

Luis Ferreira disse...

Puxando a cassete atrás , é irónico saber agora que, ao mesmo tempo que o nosso presidente fazia um comunicado a Portugal inteiro queixando-se que o seu email poderia andar a ser "violado" pelo governo, era afinal o 1º ministro que andava a ser "escutado"... É bem feita , estão bem um para o outro. Estão os 2 bem enterrados até ao pescoço pelo status-quo e "modus haciendi" da MAIORIA da classe politica actual. E que lindo é ver na TV os doutos juizes puxarem cada um a brasa à sua sardinha. Recomendo o programa CONTRADITÓRIO às 6ªs feiras na Antena 1 às 19:00 , costumam discutir com lucidez este tipo de assuntos.

Unknown disse...

escutas? quais escutas?

Luis Ferreira disse...

Recomendo a leitura deste artigo do Mário Crespo no JN de 14 de Dezembro... é preciso ter tomates !

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=M%E1rio Crespo