sexta-feira, 4 de setembro de 2009

mais uma montanha para parir um rato

A recente polémica acerca da suspensão do Jornal Nacional da TVI vem, como é óbvio, alimentar secundários fait-divers em clima pré-eleitoral.
Peca por tardia esta medida de retirar da programação o noticiário apresentado por Manuela Moura Guedes. Para Miguel Pais do Amaral (ex-administrador da Media Capital, antiga proprietária do canal de Queluz), este telejornal nunca existiria.
No seio político, a suspeição agrava-se a partir do momento em que se especula acerca de uma possível intervenção do actual executivo de Sócrates na reestruturação da grelha de programação do canal televisivo.
Findo o magistério de José Eduardo Moniz, o actual grupo detentor do órgão de comunicação, a Prisa, já veio dizer que a decisão se deve única e exclusivamente ao critério da empresa espanhola.
Rigor jornalístico à parte, Manuela Moura Guedes muitas vezes "atacava" Sócrates e o sistema actual, entrando em guerra com vários órgãos institucionais, tais como a Procuradoria Geral da República ou a Ordem dos Advogados .
Mas outras vezes, a TVI orgulhava-se de reportagens e investigações exclusivas que serviriam como alibi a possíveis negociatas envolvendo figuras públicas.

Já se fala em restrição à liberdade de imprensa e em censura. Manuela Ferreira Leite já manifestou a preocupação em relação a esta polémica. Esqueceu-se, porém, do célebre (e pouco explicado) caso em que Marcelo Rebelo de Sousa foi subitamente calado, quando este fazia a sua crónica aos Domingos nos telejornais do mesmo canal televisivo, durante o último governo PSD-CDS.
Verdade ou não, o que temos aqui é uma autêntica dispersão do que realmente interessa. Acerca de duas semanas das eleições legislativas num país em desagregação, continua-se a alimentar polémicas e suspeições.
Não haja dúvida que, a confirmar-se este possível envolvimento do poder político nos órgãos de comunicação social, é grave a situação. A opinião pública passa a ser a opinião publicada.
Se se confirmar a sua não interveniência, penso ser de muito má gestão de calendário este tipo de decisões (face ao período eleitoral em que o país vive) e, mais grave que isso, o constante gasto de energias em questões folclóricas que nada ajudam a causa pública.

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