sábado, 6 de dezembro de 2008

uma questão de ética...

Quando o exemplo que vem de cima é o que é...que moral têm eles para exigir o que seria exigível aos que estão abaixo de si?
Este é o grave problema de Portugal: problema crónico e secular de completo isolacionismo individualista e de falta de ética e moral!
Ontem, em S.Bento, o plenário discutia e votava uma proposta de lei com vista à resolução desta novela trágico-cómica chamada Educação. A proposta de alteração ao modelo de avaliação de professores e discussão acerca do Estatuto da Carreira Docente, vinda da bancada centrista, iria a votos. Sabemos perfeitamente que, dentro de cada partido, nem todos os que lá se sentam (agasalhados pelas cores partidárias que os elegem) pensam da mesma maneira. A meu ver, esta falta de unanimidade e pensamento único faz-me questionar o eventual problema da Democracia Representativa: um Partido representa uma ideologia e percepção global em relação a certas matérias, logo, todos os deputados deveriam votar (mesmo se não concordassem com a postura do partido) na ideia geral! Sabemos portanto de diferentes posições ideológicas dentro do Partido Socialista: Manuel Alegre é uma delas!

O que se passou ontem é grave.
O debate visava o tema acima indicado mas, face a um fim de semana alargado como é este, a oposição não conseguiu obter um quorum suficiente para que a proposta suplantasse a actual legislação: muitos foram os deputados sociais-democratas que se evadiram de tão importante matéria. Se à oposição juntarmos as vozes críticas dissidentes do partido do Governo, a proposta centrista poderia ter ganho, suplantando o PS!
Mas esses deputados foram de fim de semana e, por isso, as coisas ficaram como estão!
Como é que é possível disciplinarmos um país quando esse país é governado e conduzido por gente sem disciplina, sem responsabilidade e ética?
A meu ver, Manuela Ferreira Leite agiu de forma correcta: não gostou da atitude egoísta dos deputados faltosos e pediu verificações nas concelhias e distritais! Paulo Rangel, líder da bancada laranja, está a ferros: se o partido já estava a ferro e fogo, agora Rangel tem já pouco espaço para manobrar!
Onde está então a ética desta gente que se "balda" às responsabilidades pelas quais foram eleitos?
Eu também gostava de ir de fim de semana mas tenho testes para corrigir! E essas horas ninguém as paga a nenhum professor; nem ajuda aos custos da electricidade que gastamos para ficarmos ao fim de semana até às tantas da noite, nem nada!
"Ossos do ofício", dir-me-ão muitos! 
E estes deputados? Não serão estes ossos demasiado importantes para que encarem o seu ofício com mais ética e responsabilidade?

Li há pouco que 2009 será um ano recheado de pontes e feriados a meio da semana: toda a gente esfrega as mãos! Neste momentos já penso ao contrário: se antes achava que Portugal tinha os políticos que merecia ter, agora já coloco governantes e governados como causa/consequência mútua! Estão mesmo bem uns para os outros!

Recordo John Locke, em 1690:

(...) Todavia, como o poder legislativo é somente um poder confiado para a procura de certos fins, o povo conserva sempre o poder supremo de dissolver ou mudar a legislatura, quando se aperceber de que esta aja de uma forma contrária à missão que lhe foi confiada (...). 
Também, de cada vez que o corpo legislativo transgride essa regra fundamental da sociedade, e os seus membros tentam, por ambição, temor, loucura ou corrupção, apoderar-se, para eles próprios ou para outros, dum poder absoluto sobre as vidas, as liberdades e os bens do povo, perdem, ao falharem a sua missão, o poder confiado pelo povo com fins directamente opostos. O poder regressa então a este, que tem o direito de retomar a liberdade original, e , instituindo um novo poder legislativo (do modo que julgar preferível), de garantir a sua própria segurança, que é a razão de ser da sociedade. (...) 

A reflectir...

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