sexta-feira, 18 de abril de 2008

3D, ESCRAVIDÃO E O MONSTRO DA LAGOA AZUL!!!

Finalmente ganhei vergonha na cara e lá fui ver o tão badalado U23D.
Já muitas foram as opiniões: desde
"Epá, é lindo!! É melhor que qualquer dvd!!!", "Xiii, mete o Rattle & Hum" a um canto!!!", “parece mesmo que estás num concerto dos U2”, "Não é nada de especial!!!", "Gostei mas não me entusiasmou"...and so on...and so on...

E aproveitando uma bela tarde de
dolce fare niente, lá fui descobrir, pois então, este admirável mundo novo da tecnologia 3D!!
Desde revistas a telejornais, passando pelos matutinos, rádio e tv: todos exultaram com a excelência da tecnologia 3D como sendo algo vindo de
Degobah System !

Mas recordo-me, há muitos anos, de um filme que passou na RTP intitulado o Monstro da Lagoa Negra (título cinematográfico que me vem sempre à cabeça quando faço a recta do Linhó e depois lá me lembro que “Ahhh!É Lagoa Azul!!”) em que, na semana antecedente à sua exibição, o Jornal A Capital oferecia os óculos (com uma lente vermelha e outra azul) com os quais o filme teria mais esplendor se colocados durante a sua exibição. Lembro-me que a minha mãe não me deixou ver o filme pelas seguintes razões:

1º é de terror e uma criança não deve ficar acordada até tão tarde para ver um filme, ainda por cima logo daqueles que metem medo( o que é que deverá acontecer em pleno século XXI quando, por exemplo, vamos supor que o
Hostel passa em canal aberto e o jovem petiz não tem sono?) !!

"João, não fizeste os trabalhos de casa!!!"

“Já deu o Vitinho!!”


Muitos anos mais tarde... (até parece um filme) …dou por mim a ter o
primeiro encontro imediato com a realidade virtual no cinema! E logo um cinema só para mim (vazio!!!)

Em relação ao filme em si: é um excerto de um concerto dos
U2 em Buenos Aires durante a sua última digressão (a mesma que , em 2005, passou pelo Estádio de Alvalade).
Sem querer falar muito do meu estado de espírito actual em relação aos irlandeses, devo afirmar que os U2 já me motivaram mais.
Estranhamente, parece que, desde há algumas digressões para cá, cada concerto dos U2 obedece a padrões definidos e estandardizados. Tive a honra de ter assistido, em Agosto de 2005, aos concertos de Madrid e Lisboa. E, emoções à parte, os dois espectáculos giraram em torno do mesmo: um set list igual (descontando o facto de, em Lisboa, terem fechado com o emblemático
“40” e, em Madrid, com um “reprise” de Vertigo), Bono preso às suas convicções humanitárias e ao activismo constante, efeitos e pirotecnia a funcionar matematicamente!!!
É triste pois, tendo o imenso material de qualidade que têm, os U2, apesar de o factor humano estar sempre presente no palco (e isso transmite-se e recepciona-se para e pelo público em euforia), parecem-me
escravos do seu próprio espectáculo.
Tudo tem que estar de acordo com o espectáculo visual e conceptual. A música actua, dá-me a impressão, em jeito de
soundtrack de todo o impacto visual e ideológico que por ali passa.
Tendo eu assistido a outros concertos de outras bandas (os
Pearl Jam e os Cure, por exemplo) noto que a banda e o público são as estrelas da noite, tornando cada canção numa autêntica cerimónia…cada canção um momento único…sem grandes pirotecnias e tecnologias...
Parece-me que os
U2 perderam um pouco isso: têm um espectáculo montado rigorosamente e nada, ou pouco, pode fugir à rigidez de um guião.
O que eu quero afirmar é que a espontaneidade, que fez com que
Bono e Cª se tornassem naquilo que são, essa já não encontro mais!

Bem, mas apesar disto, os
U2 continuam a ser enormes e este filme realmente faz-nos ter uma ideia do ambiente fantástico que se gera num espectáculo seu: Bono é “O frontman” por excelência: pela sua comunicação, pela sua postura e por tornar visível o prazer com que sobe ao palco em cada noite.

A restante banda cumpre (como é hábito) a sua função e os U2 continuam a ser “a banda”, ou seja, uma família feliz que move milhões e milhões à sua volta!
OK! Confesso que sou piegas e emocionei-me em alguns momentos!

Em relação à
tecnologia 3D: penso que é fantástico o cinema alcançar uma nova dimensão como atinge neste U23D. Realmente, parece mesmo que entramos no ecrã…que vivemos o que se está ali a passar! Imagino um “Senhor dos Anéis” filmado com esta tecnologia!!!!
É o melhor que o filme tem…pelo menos, a maior novidade!!!
Mas, mesmo assim, Rattle & Hum (1988) continua a ser o filme/documentário mais interessante dos U2!
Para lerem mais comentários a
U23D, cliquem aqui. Pactuo com tudo o que se escreve…

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