Os Echo & The Bunnymen, sem nunca terem atingido o estrelato universal de outros seus contemporâneos, distinguiram-se pela criação de um universo só seu. Esse Universo nebuloso e recôndito fez-se de sistemática procura por soluções sonoras e líricas que não se limitassem ao simples (e clássico) trieto guitarra-baixo-bateria, preferindo adiccionar à densidade e à paisagem da sua música elementos melódicos pouco usuais (à época) na pop, como sons e escalas orientais e de câmara . Tudo seria fundamental, sem negligenciar o valor poético das letras dos Bunnymen, para criar uma textura sónica e artística única.
Germinados a partir de sementes pós-punk (cronologicamente, finais da década de 70), a banda de Ian Mculloch voltou a colocar Liverpool nas bocas da crítica musical durante a década de 80.
Muitas vezes comparados aos Cure, aos Smiths, Jesus & Mary Chain ou Sisters of Mercy, os Echo & The Bunnymen, vistos a esta distância, são únicos. Nota-se na sua música uma certa datação estética mas sem dúvida que álbuns como Crocodiles, Porcupine ou o fenomenal "Ocean Rain" permitem transportar este enorme colectivo para a eternidade da pop-rock marginal da década de 80. E que ainda ressoa, duas décadas e meia depois, num mercado cada vez mais carente de bandas e projectos de culto.
Deve-se este post à redescoberta que fiz dos Echo & The Bunnymen. Confesso que há muito não mergulhava no oceano musical da banda inglesa, tendo apenas dois discos em vinil. Comprei agora a colectânea "Crystal Days 1979-99" que, para além da apetitosa caixa de luxo com fotos, artigos, críticas de especialistas e depoimentos de produtores, músicos e membros da banda (até de Pete deFreitas, malogrado baterista dos Echo, então falecido), reúne em quatro cds (72 músicas) uma ampla visão sobre o melhor que esta banda deixou. Para além de ser completa ao nível de escolha dos temas mais emblemáticos, "Crystal days 1979-99" apresenta ainda os primeiros singles independentes, versões recriadas de artistas que foram referência para os Bunnymen (Velvet Underground, Bob Dylan, Joy Division e The Doors) e também algumas actuações ao vivo que comprovam o cerimonial lirismo que caracterizava um espectáculo dos Echo & The Bunnymen nos bons velhos anos 80, com especial destaque para a força percussiva de Pete deFreitas e da voz sofrida e única de Ian Mculloch.
Sendo difícil apontar um só tema, face à variedade do espectro musical da banda, decidi colocar aqui uma versão ao vivo de "The Killing Moon", dessa obra prima intitulada "Ocean Rain".
Já não se fazem bandas assim!!!!
3 comentários:
Lidera um grupo de bandas que são as minhas preferidas após os U2. Entre outros estão lá também os Cure e os Joy Division.
Em 1997 ou 1998 vi-os em Algés naquela que até hoje considero a melhor prestação de sempre que vi ao vivo de um vocalista. Colado um pouco ao estilo do Jim Morrison, Ian Mc Culloch teve uma actuação soberba. Os restantes estiveram a grande nível.
O Will Sergeant tem uma presença espectacular mas destaque maior foi para o Les Pattison, o baixista.
Quanto à discografia, os 4 primeiros álbuns são pérolas enormes. O Heaven Up Here está no meu Top of the tops. É muito bom. O Crocodiles ao estilo Boy também gosto muito. O Porcupine com o seu Back of Love aka I Will Follow é talvez o menos bom dos 4. O Ocean Rain tem melodias lindas.
Grande post!
1 abraço.
Esse álbum heaven up here é um dos dois que eu tenho em vinil...mas já inaudível!!! lol
Esse também é bom mas o ocean rain é qq coisa magistral!!!
lembro-me que adorei esse álbum e tenho outro que é o que tem o the game, penso que o título é echo and the bunnymen.
se puderes compra esta caixa...vale a pena!!!! ;)
ABRAÇO diona
O The Game tem um problema, é sem o Ian na voz, é com o Noel Burke, muito fraco por sinal.
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