quinta-feira, 7 de maio de 2009

passear no shopping, amar e ser feliz


Mais um Centro Comercial!
É incrível a praga que, desde há anos, assola o país. O conceito megalómano do Shopping Center de grande superfície é caso de sucesso numa sociedade dominada pela ânsia de consumir, pelo medo de não parecer por não ter ou então pela inveja que nasce por se olhar para o lado...
O que mais me preocupa é que estes espaços que congregam no seu interior milhares e milhares de pessoas que, ao invés de aproveitarem os solarengos dias para espairecer, se tornaram santuários de peregrinação já habituais nos costumes portugueses.
Já viajei um pouco e nunca vi nada assim parecido noutras metrópoles: cidades cosmopolitas como Londres, Paris, Nova Iorque ou Amsterdão têm os seus fóruns que se aproximam mais do clássico conceito do termo: espaço central urbano dedicado a fins comerciais e administrativos, tal como a ateniense ágora ou o latino fórum. Mas a céu aberto! Não dentro de uma amálgama de pavilhões artificiais povoados pelas mesmas lojas, franchises e oferta.
Todas essas cidades têm ainda o clássico cinema e a tradicional loja. Ainda mantêm o retalho e o pequeno comércio especializado nas mais variadas áreas. Recordo com saudosismo (não parolo) os tempos em que para comprar um disco tinha de ir a uma loja especializada na venda de discos. Para além da informação acerca do que procurava, as pessoas mostravam entendimento sobre aquilo que estavam a fazer, aconselhando e dando a conhecer como se para si estivessem a servir.
Vieram as grandes superfícies. Com esses espaços, eliminou-se o pequeno comércio. Triunfaram as grandes marcas e produtos. Estabeleceu-se toda uma rede de cartéis (basta pensar na inexistente concorrência entre a Worten e a Fnac) que impossibilita qualquer reabilitação da tradicional arte de vender bem e o prazer de comprar. O comércio perdeu cor. Tornou-se impessoal. Povoou-se a grande loja com gente não especializada que, estando ali pois não há alternativa, boceja ao atender o cliente, desprezando uma eventual questão concreta e específica pelo simples facto de não a perceberem ou não saberem elucidar. Assim, ouvimos um sempre irritante "oi?" ou então reparamos que está ali a pensar na morte da bezerra.

É certo que ainda vão subsistindo algumas lojas que correspondem a nichos específicos do mercado. Por exemplo, sou cliente de uma loja no Chiado especializada em banda desenhada e comic books. Obviamente, encontramos bd e comics noutras mega-shops. Talvez alguns desses artigos mesmo a preços um pouco mais acessíveis. A uma primeira acepção, toda a gente compraria onde seria mais barato. Mas este tipo de lojas especializadas em pequenos nichos ou segmentos conserva ainda a magia de vender/comprar: o atendimento especializado, a simpatia e o à vontade com que a relação loja/cliente se processa. Isto tudo para além da variedade de oferta que as lojas especializadas têm. Mesmo que nos custe mais euro, menos euro, é um prazer ali ainda ir. Este foi apenas um exemplo.

O Dolce Vita Tejo, na Amadora, estrategicamente, desviará população do Odivelas Parque, do Loures Shopping e do Colombo. Reparem que, numa área de poucos quilómetros quadrados, encontramos quatro superfícies do mesmo género. Realmente, ir às compras (ou babar as montras) é um tónico para a população portuguesa. Mas o fantástico disto é ser este o maior Shopping Center do mundo!!!!!!
Prometem-se milhares de empregos com a abertura do espaço. A ver vamos... e prometem-se mais ainda!

2 comentários:

Viagens Lacoste disse...

Impressionante mesmo!
Tenho esperança que esses espaços todos daqui a uns anos sejam hospitais ou universidades. Quando a moda passar vão ser elefantes brancos autênticos.
Viva o Chiado e a Avenida de Roma para passear.
1 abraço

Luis Ferreira disse...

Dolce ? Huummm.... Dolce Gabana ??
Vita ? Huuuummmm... Evita ( de evitar) ????
Tejo ? Huuummmm.... Esta está fora do contexto.

Povo pequeno com mania das grandezas.

Luis Ferreira