Um excelente debate a que estou neste momento a assistir na SIC Notícias.
Não sendo exclusivamente a democracia a voz das maiorias mas sim dar igualmente voz às minorias, o canal noticioso de Carnaxide aposta hoje num debate reunindo os candidatos à Europa daqueles pequenos espectros políticos que muita gente não liga ou tenta fazer por se esquecer. Desde o MPT (Movimento Partido da Terra), passando pelo PNR (o polémico Partido Nacional Renovador) até ao PCTP-MRPP (cantera de muitos que hoje se pavoneiam noutras esferas), todos eles apresentam a sua visão da Europa. Da esquerda pura à direita conservadora, é comum a posição acerca da integração europeia portuguesa: ninguém perguntou aos portugueses acerca da sua vontade ou repúdio em pertencer à Europa; em aderir à moeda única ou então ao alargamento dos poderes institucionais assumido com o Tratado de Lisboa.
Apesar de alguma demagogia óbvia e de uma constante repetição de ideias que todos já perceberam, algumas ideias são abordadas de forma interessante:
A questão do Tratado de Schengen e a sua necessária revisão. Noto uma aproximação entre o PNR (cuja sua posição é conhecida) e o PCTP-MRPP quanto à necessidade de reajustar Schengen aos tempos modernos. Muito se fala de segurança e dos perigos que a tolerância europeia atrai a partir do momento em que as fronteiras internas não existem. Realmente Schengen parte da utopia da bondade humana. Mas na realidade a Humanidade é por natureza má, presunçosa e egoísta. Não atribuo a essa abertura das fronteiras a Caixa de Pandora do Século XXI mas faz-nos pensar acerca de uma necessária revisão.
Outro assunto que se aborda é acerca da Europa como pólo de atracção da imigração ilegal. Discute-se acerca da mais-valia real que esses fluxos migratórios representam para as economias europeias. Trabalhar de forma a melhorar as condições de vida desses imigrantes, vendendo-se por tuta e meia, desvalorizando salários e dignidade laboral?
O mais interessante que ouço neste debate é a necessidade de recuperar e reajustar essas mentalidades: fala-se acerca do papel social que deve moderar as consciências do mercado de trabalho. Até que ponto pensarão as empresas que, numa lógica de despedimentos, poderão subsistir sem fazer escoar os seus produtos? Se as pessoas não têm rendimentos, como acham que as pessoas poderão comprar? Obviamente o crédito sempre foi a tábua de salvação, criando apetites gulosos ao consumo mas, e actualmente é o que se vê, apertando cada vez mais a corda no pescoço das pessoas.
Outra proposta radical: acabar com a União Europeia, com os seus tratados e instituições. Não refutando o fim das relações entre os países, seria necessário repensar a UE de uma forma realmente vocacionada para as necessidades reais das pessoas. Faz-me pensar...
Hoje assisti a um filme/documentário interessante que, de uma forma leve, me fez entender a lógica de uma sociedade de consumo selvática. Esta lógica que atrai as pessoas ao consumo fazendo-as acreditar que tudo está errado e desactualizado connosco, fazendo-nos sentir deprimidos, obrigando-nos a correr para um Centro Comercial para comprar o último modelo de telemóvel, portátil ou mesmo um automóvel.
Bush terá dito, a seguir ao 11 de Setembro, para que os americanos, em vez de ficarem na depressão e presos nos seus medos, fossem às compras, consumissem e gastassem para se sentirem mais felizes.
Será esta a verdadeira felicidade que queremos? Ou então ter mais tempo para nós, para quem gostamos e para poder ir simplesmente ver o mar?
Por último.
Acerca da presença de Dias Loureiro na Comissão de Inquérito acerca do Caso BPN, como será possível um sujeito que está envolvido em falcatruas e negociatas continuar a merecer a confiança do Presidente da República no seu Conselho de Estado?
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