terça-feira, 30 de dezembro de 2008

mas que bela merda de disco!


Quem me conhece sabe perfeitamente que um dos meus passatempos/pancas favoritos é entrar dentro de uma loja de discos/livros/dvds e, tal e qual um tubarão que, antes de atacar a próxima vítima, circunda o local como forma de territorialidade (este exemplo foi um pouco infeliz...), adoro observar o material disponível e fazer contas à vida...antes de me decidir, ou não, pela compra.
Bom, depois de circundar, observar e ruminar, lá arrisquei: comprei o novo disco dos Cure, 4:13 Dream.
Já por diversas vezes falei da paixão que eu tenho pela música destes senhores. Também recordo o grande concerto que assisti este ano no Pavilhão Atlântico.
Mas também (re)afirmo que os Cure podiam muito bem nos poupar a isto: um disco fraquíssimo, sonolento, desinteressante e sem qualquer momento/canção que mereça uma desculpa pelos cerca de 16 € gastos! Para mim, comprar música não e um gasto: é um investimento na minha formação mas, neste caso, o barrete que eu levei frustrou-me!
Pois não é uma banda qualquer! É uma banda com quem eu cresci e despertei para a música! E fico decepcionado ao ver que (mesmo com o regresso do mítico guitarrista Porl Thompson) a banda de Robert Smith continua a cavar um grande abismo! Mais valia parar do que pôr cá para fora discos como este, onde a falta de inspiração é notória.
Em termos mais específicos: o disco não tem ambiência Cure! Concordo que as bandas devem mudar mas devem ponderar muito bem a sua mudança! Mas os Cure já não são os mesmos desde o seu zenite em 1989, da pérola/gema/rubi/safira intitulada Disintegration! Nesse disco os Cure aliaram a melhor formação de sempre a uma total estética que contemplava tudo o que de bom já tinham feito anteriormente. Mas de forma superlativa!
Neste novo disco, a ausência de sintetizadores e a total dependência da guitarra fazem com que o som Cure se evapore para sempre! As letras de Smith enrolam-se em labirintos confusos mas com saída fácil! Não gosto deste baterista Jason Cooper! Com todo o respeito, este senhor, que substituiu o grande Boris Williams, tem cumprido mas  nunca mais os Cure tiveram um suporte rítmico à altura do que seria exigível...ainda por cima com Simon Gallup ao seu lado...
Sem nenhuma canção de destaque, 4:13 Dream faz-me mudar de faixa logo após o primeiro minuto de cada canção.
Que tristeza!
Para concluir, os Cure estão ultrapassados. Depois de cerca de 30 anos em que (principalmente na década de 80) marcaram uma identidade apenas sua e influenciando novos nomes, a banda parece agora como gestora de uma marca consagrada, apenas lançando discos à sombra dessa mesma marca. Se Wish foi o último disco "à Cure", e se "Bloodflowers" ainda suscitou algum interesse, a verdade é que a banda já não é o que era. E com enorme tristeza reconheço isto.

Sem comentários: