Como benfiquista, admito sentir uma enorme azia pelo facto do justo título de campeão ter sido entregue ao FC Porto em pleno relvado do Estádio da (falta de) Luz.
Não contesto a vitória portista e aceito-a com naturalidade: foram melhores, foram regulares, apresentaram um futebol agradável, racional e cilindraram o segundo classificado na primeira e na segunda voltas da prova.
Para além dos factores derivados da própria estrutura portista, beneficiaram do facto de, à 4ª jornada, o título estar praticamente entregue devido à derrocada encarnada, em Agosto, e ao marasmo verde e branco, demonstrado ao longo de toda a época.
O Porto ganhou um campeonato de forma fácil mas com empenho e seriedade.
Ao contrário de muitos outros, que a esta hora já espancaram a mulher como manifestação espontânea de uma frustração vergonhosa, endereço, desde já, os meus parabéns aos portistas. E tenho muitos na família...
Futebóis à parte.
Portugal perdeu ontem uma excelente hipótese de transmitir às novas gerações que amam o futebol um exemplo de cordialidade, galantismo e elevação.
Ao invés, o espectáculo que fez ontem à noite parar o país reflectiu o porquê deste país manter-se num limbo (prestes a cair ao inferno) em termos de valores e cidadania. Se nos queixamos dos políticos e da sua falta de valores e ética, o que dizer daqueles que compõem o eleitorado? Ou seja... o "povo".
A crise começa em nós. Nós, portugueses, somos o grande factor da crise que se depara sobre nós!
Espero um dia que o meu filho perceba que a vida é feita de sucessos e momentos menos bons.
Depois da pobreza a que assistimos, própria de um país de terceiro mundo que não aceita a democracia de saber ganhar e perder, resta-me apenas continuar na minha total alienação no que toca ao futebol.
Aqui não temos nem maus nem bons da fita. Temos dois clubes que falam a mesma linguagem decadente e anti-pedagógica.
Os clubes, como promotores de exemplos para a juventude, esquecem-se desta sua tão nobre função em troca da ganância pela vitória a qualquer preço... capazes de fazerem de um jogo uma autêntica guerra civil onde a constante crispação e ódio saltam para fora de uma bancada, atingindo o impensável...
Perdeu-se uma oportunidade...
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