Tive conhecimento, via semanário Sol, da suspensão do programa da SIC Notícias, Plano Inclinado.
Tratava-se de um óptimo espaço de debate em que o vulto intelectual de Medina Carreira assumia as suas visões acerca do débil estado da Nação.
Sem papas na língua, Medina Carreira espingardava em todos os sentidos e direcções sem olhar a cores partidárias e levantando sempre questões que pouco simpatizam com o jogo do poder.
Como moderador, Mário Crespo fazia real juz à sua qualidade como jornalista.
O programa é agora suspenso. Segundo António José Teixeira, director de programação do canal, a retirada do programa vem no seguimento de uma reformulação estratégica do dito canal.
Obviamente que este caso não ficará por aqui. Nas segundas linhas discutir-se-á bastante.
Por outro lado, soa-me demasiado denunciado o fim do programa, sabendo nós dos recentes casos de "possíveis ingerências de terceiros" na gestão dos órgãos de comunicação. Veremos...
Num outro quadrante, a moção de censura anunciada por Louçã nem na praia morrerá. Anunciada no calor de aceso debate parlamentar, o anúncio da dita bomba por parte do Bloco de Esquerda mereceu reparos vindos de dentro do partido. E cabeças rolaram também sob pretexto de não ter sido discutida em sede própria a estratégia para deitar abaixo o governo.
Apanhado de surpresa, todo o parlamento reagiu. O governo apelidou a atitude bloquista de irresponsável. O PCP sentiu-se ultrapassado e já veio afirmar que votaria a favor se o texto da moção (a apresentar a 10 de Março) se mantivesse incólume.
Morta antes de nascer, a moção bloquista revela o carácter erróneo e populista/demagógico da esquerda. Louçã revela falta de responsabilidade ao tentar fomentar crises políticas quando o interesse do país deverá ser, agora e mais do que nunca, a preservação da estabilidade governativa que tem é de trabalhar e promover uma oposição construtiva.
Quanto ao CDS, Paulo Portas não nega a necessidade de uma moção mas, ideológicamente, sente que não poderá apoiar a esquerda mais canhota.
O PSD gosta desta sensação de poder. Sabe que Sócrates depende de si. Passos Coelho é diariamente confrontado com as possíveis eleições antecipadas. Como compete à oposição, em democracia, os partidos devem vigiar a acção do executivo. A batata quente passa, assim, para Sócrates cuja acção se tem pautado pelo total alheamento dos assuntos do país.
O primeiro-ministro vive neste momento tal e qual um almocreve que, de terra em terra, tenta vender a sua mercadoria que, neste caso, são títulos de dívida pública. De resto, aparece quando obtém um ou outro motivo para ficar bem na fotografia...
Tal como a questão do défice que, segundo a execução orçamental de janeiro, terá reduzido cerca de 58%.
Sócrates, cuidadoso, assobia timidamente uma vitória mas esquece-se que, na sua maioria, estes dados reflectem não uma redução da despesa mas sim um aumento da receita fiscal. Interessa saber, então, se a despesa está, ou não, a diminuir. Ou pelo menos controlada. Penso que só em março éque poderemos ter os primeiros resultados de execuções orçamentais.
Mas, quando ainda Sócrates gritava "vitória", o governador do Banco de Portugal vem para a comunicação social falar do cenário de recessão que já se assiste no país. Considero que Carlos Silva Costa se esqueceu de uma das mais fundamentais leis da Economia:a questão da confiança como pilar fundamental para o crescimento económico. E sendo titular de tão importante cargo, a responsabilidade acresce na forma como se fala para as massas... e para os investidores/credores do país.
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