Atentai neste video que reúne algumas das polémicas intervenções do eurodeputado Nigel Farage, do UK Independent Party, entre 2008 e 2011, em pleno Parlamento Europeu.
Para além do eurocepticimo assumido, Farage destaca as fragilidades do sonho europeu que Jean Monet aspirava.
Pontos essenciais:
O euro foi, é e continuará a ser um erro para muitos dos países, incluindo Portugal.
Farage fala de uma Europrisão cujo guarda prisional é a divisa única. É impossível que países como a Grécia, Portugal e Irlanda, consigam estar à tona de água circundados por tubarões como é o caso da Alemanha, França e países do norte europeu. Crises estruturais e seculares justificam isto.
Portugal mantém o seu atraso crónico desde há séculos e, quando teve oportunidade, deixava fugir sempre o pássaro da mão.
A ideia da moeda única seria dinamizar a economia, possibilitando a livre circulação de produtos e capitais no espaço europeu. Cooperação, concorrência saudável e crescimento seriam as divisas emblemáticas que norteariam o mercado único: um país, como a Alemanha, veria assim o culminar de interesses económicos de outros tempos: impor-se como a potência número um no "Velho Continente".
Para um país europeu rico, ou pelo menos produtivo, o euro significaria a machadada final nas velhas e antigas restrições protecionistas e o último dos triunfantes sinais para a abertura de novos mercados. Não neguemos o facto de a entrada de Portugal na Europa comunitária ter sido honrada com generosos préstimos financeiros com o objetivo de fazer recuperar um país amorfo e acabado de sair de um conturbado período revolucionário.
Entrar na Europa foi assumido como desígnio de interesse nacional pelos nossos dirigentes da altura. E hoje ainda o discurso se assemelha ao patetismo de há cerca de 26 anos atrás.
Desígnio nacional. Europa será sinónimo de democracia? A visão megalómana de uma Europa unificada remete-nos sempre para anteriores épocas em que o imperialismo dominava as tendências das diversas chancelarias. Mesmo o antigo império romano (que terá sido o que mais se aproximou de uma ideia de Europa unificada e centralizada) enfrentou constantes oposições e dificuldades. Muitos povos, muitas línguas e, à luz de Roma, demasiado barbarismo ao qual se propunha a "pax romana" como farol da civilização.
Durante a Idade Média, caído por terra o imperialismo latino, retornou-se à Europa da manta de retalhos: guerras, conflitos, anexações e casamentos que piscavam o olho às tendências de agregação geopolítica por parte dos estados nunca, por si só, conseguiram achar uma ideia de união de estados europeus. Nem a ideia do Sacro-Império conseguiu reabilitar a ideia da união dos estados europeus...
Com Bonaparte, a ideia da República Universal era contraditória face ao significado da "Primavera dos Povos", esperançosa com o fim do jugo absolutista dos impérios centrais de forma a uma emancipação de povos há muito agregados a unidades políticas de cadência imperial. O Congresso de Viena de 1815 veio fazer demonstrar que não se passaria da utopia da união napoleónica. Retornou-se à velha ordem absolutista. Esta, em parte, seria desmontada na Europa com a guerra de 1914 a 1918.
O federalismo europeu afigura-se como difícil, senão impossível. O foco de atenção dos media (que manipula o discurso da opinião pública) ignora em demasia estes eurocéticos. Os eurofóricos continuam a acreditar que é possível o culminar de uma união política europeia. Os alicerces, como diz Farage, são frágeis: a nebulosa democracia de Bruxelas e Estrasburgo. Sem papas na língua, o eurodeputado inglês aponta o dedo a Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu (ficou conhecido pela forma como negou a possível entrada da Turquia na UE por este ser um país muçulmano que mancharia a matriz cristã de uma Europa que se "diz" tolerante), que terá sido eleito sem plebiscito popular. E a saraivada de tiros continua: ao presidente da Comissão Europeu Durão Barroso e por aí adiante. Falta identificação e cultura democrática na Europa. Não conhecemos os seus líderes e desejos/motivações.
Há tempos li algures esta curiosa expressão: a riqueza da Europa não estará na sua unidade, mas sim na riqueza da sua multiplicidade.
Estados Unidos da Europa? Como?